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| filme 62 | JOHNNY E JUNE
O amor salva até a alma mais atormentada!
- Eu perguntei de diversas maneiras, e é hora de me dar uma resposta.
- Por favor, cante.
- Estou pedindo. Case-se comigo. Eu amo você June. Sei que fiz e disse muitas coisas, sei que Ihe machuquei, mas prometo não fazer mais. Só quero preocupar-me com você. Não Ihe deixarei nunca sozinha. É minha melhor amiga. Case-se comigo.
Existe um problema sério com cinebiografias: acontece, geralmente, quando a história real que vai ser contada não tem muitos atrativos. O lado oposto disso surge quando vemos uma história tão rica que até mesmo o fato de não gostarmos muito da pessoa, ou do tipo de “arte” que ela produz, em nada influencia nosso gostar do filme.
É mais ou menos o caso deste Johnny e June (Walk the Line – o título em inglês é, sem dúvida, muito mais interessante que a tradução para o português). O filme conta, fidedignamente, a história de Johnny Cash, um dos ícones da música country americana. É, portanto, a história de um artista que faz um tipo de música não muito considerada no Brasil. Acontece que a vida do homem é um autêntico épico moderno. Uma história de redenção através do amor. Coisa mais linda da gente ver!
Merecem destaque as atuações arrebatadoras tanto de Joaquim Phoenix quanto de Reese Whiterspoon, vencedora do Oscar de Melhor Atriz em 2006. Joaquim está soberbo. Ele é Johnny Cash. Foi uma injustiça sua indicação para Melhor Ator não ter se convertido em uma estatueta de fato. Os dois possuem uma química impressionante, fato que era de suma importância para o filme dar certo, uma vez que a relação com June foi o divisor de águas da vida de Johnny.
“Estava me preparando lá atrás e os admiro ainda mais. Nunca tive que passar um período duro como vocês. Ainda que tive meus problemas com a lei. Ouviram sobre as drogas que pegaram na fronteira? Senti-me no duro. Como se fosse o grão tipo duro. Isso foi até bem pouco tempo. Digo e inclino-me perante vocês, porque nunca tomaria esta água amarela. Esta é para vocês.
O filme é extremamente fiel aos fatos e começa a história antes de Johnny pensar em ficar famoso. Também não vemos a grande história de amor no início. É durante o filme que acontece o primeiro encontro entre Johnny e o grande amor de sua vida: June. Aliás, a história dos dois é linda. Linda porque não é recheada de sentimentalismo barato. É um amor duro, que passa por centenas de provações. Um amor que chega a ser negado pela própria June, pelo simples fato dela achar impossível salvar o atormentado cantor do destino certo que o abuso do alcool e das drogas pode causar. A condução da história deles é um acerto do filme.
É impressionante a dedicação e a admiração que June consegue manter intactas durante o pior período da vida do seu amor. Mesmo à distância, ela consegue influenciar na vida dele. Consegue ser dura na hora que ele precisa, consegue ser o amparo no momento certo. Johnny era um cara fadado ao fracasso retumbante (não da sua arte, mas como ser humano). Acontece que o amor tem dessas coisas: transforma pó em ouro.
Trilha sonora do filme. Clique no "play" e ouça.