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| filme 65 | O CASAMENTO DO MEU MELHOR AMIGO

"Se você ama alguem... você tem que dizer, na hora, em voz alta. Senão, o momento apenas passa por você..."

Julianne Potter é uma crítica gastronômica. Ela tem um grande amigo do passado chamado Michael O`Neal. Quando eram mais jovens, os dois combinaram que se estivessem solteiros quando completassem 30 anos iriam se casar. Perto do dia D, Julianne recebe um telefonema do amigo, informando que irá se casar. O mundo dela começa a ruir. Para piorar, ela é convidada para se madrinha do casamento. Ao aceitar o convite ela bola um plano: tentar, de todas as formas, separar o casal de pombinhos.

O final da década de 90 marcou uma sequência de ótimas comédias românticas que tiveram como protagonista a então “namoradinha da américa”. O processo começa com este O Casamento do meu Melhor Amigo e vai até Um Lugar Chamado Notting Hill, passando pelos ótimos Noiva em Fuga e Queridinhos da América.

Acontece que, aqui, neste filme, a nossa musa, Julia Roberts, não faz o papel da mocinha, propriamente dito. Aliás, a mocinha mesmo é Cameron Diaz, que faz o papel da noiva gente fina do “melhor amigo”. Julia é invejosa, arrependida e ressentida. Mas, quem liga? Por conta disso somos brindados com excelentes diálogos e um bônus: a participação do maravilhoso Rupert Everett, como o amigo gay que se passa por suposto namorado de Julianne.  

JULIANNE – Tem um minuto?
MICHAEL – O que foi?
JULIANNE – Prefiro dizer rápido ou vou ter um infarto fulminante e você nunca vai ficar sabendo o que era. É a coisa mais idiota que já fiz. Tão idiota que não posso… Mas eu vou.
MICHAEL – O que foi?
JULIANNE – Michael… Eu te amo. Te amei por nove anos, só fui muito arrogante e medrosa para perceber. Agora só estou com medo. Sei que a hora é inoportuna, mas preciso te pedir um favor gigantesco: me escolhe. Casa comigo. Deixa que eu te faça feliz. (ri) Parecem três favores, não é?

É, aliás, comandada por Rupert uma das melhores cenas do filme: uma sequência musical, no restaurante, em que todos que estão sentados para comer começam a cantar I Say a Little Pray For You. Uma delícia!!! Outro grande momento é a cena em que Julianne e Michael (Dermot Mulroney) conversam sobre o amor, dentro de um barco, um diálogo que vem forte e que tem seu ápice num momento de silêncio total.



A opção que o filme faz desde o início não suporta nenhuma escorregada melosa no final. E o fato do diretor ter se mantido firme no propósito só merece elogios. Ao não optar por um final padrão, todo recado que a pesonagem principal carrega ganha força. E aí começamos a pensar em quão complexo é saber lidar com os próprios sentimentos. Não deixar que as oportunidades passem, não engolir aquilo que deve ser dito. Ao deixar que Julianne carregue as consequências dos seu “calar”, o filme nos passa o seguinte recado: falar é sempre a melhor solução.
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Renata Jamús
É uma apaixonada por cinema. Foi mestre em "discursos do Oscar" na infância. Teve três ou quatro muito bons, que eram constantemente lidos para os pais babões de plantão. Os mitos hollywodianos eram como amigos da rua. Habitavam sua casa, desde sempre. | COLEÇÃO DE FILMES | FACEBOOK | TWITTER