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| filme 70 | A ÉPOCA DA INOCÊNCIA

Ame agora ou cale-se para sempre!

Que tipo de filme do americano Martin Scorsese você está acostumado a ver? Aqueles que seguem a linha “filmes sobre mafiosos” (encabeçados por Os Bons Companheiros), ou aqueles que tratam do tema “violência psicológica” (lista que inclui sucessos como Táxi Driver e O Cabo do Medo)? A verdade é que nada do que Scorsese fez pode ser comparado com estre trabalho em A Época da Inocência.

O filme é uma ode ao amor não revelado, não usufruido em sua plenitude. Em uma Nova York aristocrática a condessa americana Ellen Olenska retorna da Europa, depois de deixar seu marido. Chegando na cidade, em 1870, Ellen encontra sua adorável prima May Welland que está presentes a se casar com o proeminente advogado Newland Archer. Ellen choca a todos com suas ideias e atitudes modernas, adquiridas no Velho Mundo. Newland passa a defender os posicionamentos de Ellen e começa a facilitar sua entrada nos círculos mais fechados da já extremamente estratificada sociedade local. Acontece que o improvável surge com força total. Uma arrebatadora paixão, um posterior amor real entre Newland e Ellen. O sentimento surge, toma conta e eles não sabem como resolver a equação.

A reconstituição de época é um capítulo de destaque nesta produção de 1993. A direção de arte nos mostra como era a Nova York do final do século XIX – uma cidade ainda provinciana, mas que já começava a ostentar a riqueza e o charme que fazem dela, hoje, a grande metrópole do Mundo. Baixelas de prata, talheres, porcelanas, vestidos e smokings luxuosos. Não houve economia, nem mentira. Os figurinos renderam, ao filme, uma estatueta do Oscar. Ainda receberam indicações Winona Ryder (melhor atriz coadjuvante), roteiro adaptado, trilhar sonora e, óbvio, direção de arte.

Aliás, o elenco está perfeito. Winona como a esposa submissa e traída, mas que se mantém fria e consegue realizar sua vingança. Michelle Pfeiffer como a mulher liberal, madura e linda, que choca a sociedade com seu comportamento pioneiro. E Daniel Day-Lewis, um craque, que empresta ao seu Newland o ar bucólico e blasé necessários, mas que consegue dar a virada quando encontra o amor e, de repente, se torna um homem quente e que, ao menos, ousa enfrentar o círculo em que se encontra.

O filme é recheado de bons diálogos e muitas cenas onde o esmero visual responde pela perfeição. Há, ainda, momentos mágicos como a sequência em que Newland, dentro de uma charrete, tira as luvas de sua musa Ellen. Não há um beijo, não há nada explícito. Mas, toda a cena é de um erotismo transbordante. Uma das grandes cenas da minha vida de cinéfila.

A cena: as mãos sem as luvas...

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Renata Jamús
É uma apaixonada por cinema. Foi mestre em "discursos do Oscar" na infância. Teve três ou quatro muito bons, que eram constantemente lidos para os pais babões de plantão. Os mitos hollywodianos eram como amigos da rua. Habitavam sua casa, desde sempre. | COLEÇÃO DE FILMES | FACEBOOK | TWITTER

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