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| filme 128 | CAPITÃO AMÉRICA: GUERRA CIVIL


No universo dos HQs quem tem AVENGERS é rei.




Não adianta tentar fugir da comparação. Sabe quando a gente se mete em um novo namoro e vive comparando o passado com o presente? Então, a história de amor dos fãs com os quadrinhos sempre tem capítulos apaixonados. Em 2016 já vamos para dois momentos importantes nessa jornada de amor e, por que não dizer, algumas decepções.

No encontro que tivemos com o Batman e Superman ficamos com aquela sensação estranha de que alguma coisa não estava no lugar. E não estava mesmo! Talvez um Batman blasé demais, talvez uma história fraca demais e lutas sem qualquer criatividade. Pois bem, o novo Capitão América: Guerra Civil é o extremo oposto. Com personagens encaixados e atores cada vez mais na pele dos heróis era só construir uma história mais ou menos e se esforçar nas lutas para o sucesso ser colhido. Mas não é que os irmãos Anthony e Joe Russo e os roteiristas Christopher Markus e Stephen McFeely conseguiram mais? Conseguiram talvez superar os limites e fazer o melhor Capitão América da série e um filme tão bom, mas tão bom, que pode ser considerado mais um da franquia dos Vingadores.


O cinemão começa com um quê de sem graça, uma perseguição de uma moto a um carro, uns sacos com fluídos azuis e poucas explicações. O arco da história, então, muda completamente e nos confrontamos, nós e os heróis, com dilemas atuais e muito pertinentes: Capitão América e companhia estão sendo, sistematicamente, acusados de abuso de poder. Prendem os bandidos, mas matam gente que não tem nada a ver com a guerra. De um lado, um sensato (!!!!!!!!) Homem de Ferro argumenta que poderes não podem ser ilimitados, do outro o cara do escudo mais sinistro do planeta diz que inocentes as vezes são sacrificados para que um mal maior seja evitado. E é óbvio que o diálogo não flui, e vamos logo pros socos e pontapés mais sensacionais de todos os filmes até agora.

Capitão América monta seu time, onde se destaca o Soldado Invernal (tão protagonista quanto os outros) e o Homem de Ferro recruta ninguém menos do que o Homem Aranha, ainda garoto, num dos melhores momentos do filme. A história avança e é aí que o roteiro bom aparece. Soluções interessantes são encontradas para os desfechos de algumas histórias e a abertura de outras. Nada é desperdiçado. Nenhuma história é encerrada totalmente e, ao mesmo tempo, nenhuma deixa lacunas dentro do próprio filme. De certa forma, todos os heróis dão suas contribuições, todo mundo tem seus 10 minutos de fama. E tudo se encaixa perfeitamente, até o início reencontrando o final, num desfecho pra lá de surpreendente.

A forma como a Marvel Studios e a Disney exploraram esse duelo entre o Cap.América e o Homem de Ferro merece aplausos. E o filme mexe, a todo o momento, com a questão do protagonista x antagonista. É esse mote, inclusive, que deve ser explorado daqui pra frente, em todos os filmes da série. Diferentemente do que foi feito em Batman x Superman, a opção por confrontar ideologias dentro do mesmo grupo foi extremamente acertada e rendeu diálogos e dilemas que saem do cinema e invadem as conversas de quem assistiu. Filmes assim, que a gente leva pra casa depois que sai da sala escura, são aqueles com os quais a gente resolve namorar, casar e viver para o resto da vida. E depois vão ganhar todas as comparações! Todas!
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Renata Jamús
É uma apaixonada por cinema. Foi mestre em "discursos do Oscar" na infância. Teve três ou quatro muito bons, que eram constantemente lidos para os pais babões de plantão. Os mitos hollywodianos eram como amigos da rua. Habitavam sua casa, desde sempre. | COLEÇÃO DE FILMES | FACEBOOK | TWITTER