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| filme 5 | QUANDO AS METRALHADORAS COSPEM
Como era a sua Sessão da Tarde?
- Posso te dar uma carona?
- Você tem carro?
- Não.
- Então, como você vai me dar uma carona? Me carregando numa caixa?
- Eu pensei que pudéssemos dividir um táxi.
- Esquece. Sou uma dama. Não divido táxi.
A minha era ótima! E esse filme era o clássico dos clássicos! Um comédia musical, estreia na direção do inglês Alan Parker. O enredo é, no mínimo, criativo. Um elenco só de crianças e adolescentes vive a Nova York dos anos 20, época do temido mafioso Al Capone. Os trajes, cenários e hábitos da época estão todos lá. Ocorre que as crianças vivem como se adultos fossem. O ponto de tensão do roteiro é uma briga entre gangues rivais por um novo tipo de arma letal que atira...tortas!!! O filme é entrecortado por músicas ao melhor estilo Cabaré. No primeiro musical, inclusive, a estrela é a fantástica Jodie Foster. Ídola desde sempre. Na verdade, se tornou ídola quando vi esse filme pela primeira vez.
A vontade de rever Bugsy Malone veio à reboque do filme de ontem. Entrei na fase Sessão da Tarde e não quero mais sair. Como eram boas as tardes em Piratininga, com a rua cheia de todos os vizinhos/amigos, muitos já não moram mais aqui. Víamos filmes, comíamos muita besteira e, depois, como acabava cedo, ainda existia tempo para ralar o joelho na rua (bandeirinha, bolinha de gude, pique esconde, garrafão etc). Época boa dos amigos de 12 anos.
- Tallulah, vai demorar quanto?
- Não quer me ver mal arrumada, né coração?
- Já não está bom o suficiente pra você?
- Acalme-se, senão eu fico nua.
- Você gasta mais horas se arrumando do que as horas que o dia TEM.
- Escute aqui, coração. Se eu não parecesse assim tão linda, você nem deixaria eu TER um dia.
Tallulah é a dançarina de cabaré “gostosona”, que vive com o líder de uma das gangues. Jodie Foster faria em 1976 (ano do filme) outro grande clássico do cinema: Taxi Driver. Em Bugsy Malone ela rouba cada minuto em que aparece. Sou fã mesmo. Lembro, com orgulho, dos recortes de jornais e revistas que eu tinha dela. Aquela coisa infantilóide de fazer pastinhas dos ídolos. Feliz sou eu com os ídolos que tive, não é? Meio que cresci junto com a Jodie. Ela é 17 anos mais velha do que eu, mas sempre admirei a forma madura com que ela conduziu a carreira. Dois Oscar de melhor atriz. Inúmeras indicações. Hoje, diretora e produtora. Mãe de dois filhos. Lembrar dela me faz lembrar dos meus discursos do Oscar, na infância. Ganhei vários prêmios imaginários e cada estatueta jaz na estante do segundo andar aqui de casa. Época realmente boa!
“Nós poderíamos ter sido tudo que quiséssemos ser. E não é tarde demais para mudar. Eu ficaria feliz de partilhar alguns pensamentos. Talvez vocês concordariam que realmente podemos mudar (...) Deixem a amizade dobrar nossos poderes”
Lembro de uma das vezes que vi o filme quando era mais nova. Estávamos na casa da vizinha da frente. Ao final do filme, saímos dançando e entoando a canção de encerramento. Após uma batalha de metralhadores que cospem tortas de baunilha fomos brincar na rua.
Sim, na minha infância as metralhadoras atiravam tortinhas.