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| filme 95 | O PODEROSO CHEFÃO III


O urro de Michael Corleone!



Um filme, com o mesmo elenco, dezesseis anos depois. A proposta já poderia causar caras torcidas dos fanáticos pelos dois filmes anteriores. E não tenham dúvidas. Causou. A idéia parecia um risco. Um novo estilo, misturando ficção com fatos e casos da vida real. O atentado contra o papa, um escândalo envolvendo um banco e o sistema financeiro italiano, tudo isso incorporado a um roteiro feito para encerrar a saga do homem que se tornou monstro e depois ousou tentar ser humano de novo.

ð Em 2012 O Poderoso Chefão I completou 40 anos da sua produção. Veja o especial do O Globo on line. 

O que se encerra com o Poderoso Chefão III é a saga de Michael Corleone. Interpretado aqui pelo mesmo Al Pacino, mais envelhecido do que realmente era em 1990 (ano da realização do filme). A história começa em 1979. Um flashback mostra todas as tragédias da família. Mostra a casa em Lago Tahoe, tão presente no segundo filme e, agora, completamente abandonada. Sabemos que os filhos de Michael foram criados pela ex-mulher Kay, de quem ele se divorciou. Sabemos que Tom Hagen, advogado da família e irmão adotivo de Michael morreu. Um novo personagem surge, Vincent Corleone (filho de Sonny, irmão de Michael morto ainda no primeiro filme).



Alguns fatos contribuem para a tensão no roteiro: a filha de Michael (Sofia Coppola, catatônica, péssima escolha para o papel) acaba por se apaixonar pelo primo Vincent. Este é a encarnação piorada do pai: esquentado, adepto da bandidagem, um mafioso à moda antiga. Ruim para Michael que neste momento decide refazer o seu caminho. Se afasta cada vez mais do velhos companheiros das famílias, dos "negócios" e busca legalizar sua vida como empresário do bem. Rapidamente Vincent é recebido por Michael que vê nele a impetusiodade necessária para liderar a família, mas, para isso, é preciso que o garoto aprenda que os Corleone, agora, agem de acordo com a lei.



Três cenas colocam o filme no colo de Al Pacino. Quando ele tem um ataque cardíaco e, arrependido, chama pelo irmão que matou (Fredo), quando se confessa com um padre e chora um choro repleto de arrependimento e quando grita, urra, por perder a esperança de paz, que ele vê sendo arrancada diante dos seus olhos. É, porém, uma conversa com a ex-mulher Kay, numa tentativa de reconciliação, que traduz todo o significado da saga. Cansada e descrente porque vê que a história da família não tem como mudar, ela sorri para Michael e diz: “essa história de vingança não acaba nunca...” Michael suspira. Seu olhar conduz a uma sensação de vazio, todo uma vida que poderia ter sido, ao lado de quem ele realmente amava, e não foi.



Tudo que alguém poderia ter vivido de bom, escolhas erradas, consequências péssimas. Indiferença, destino, desumanidade, arrependimento. A vingança sempre no meio. A solidão de Michael é a síntese de uma vida que foi cheia de tudo, mas foi vazia do mais importante: amor. Essa história de vingança não termina nunca.




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Renata Jamús
É uma apaixonada por cinema. Foi mestre em "discursos do Oscar" na infância. Teve três ou quatro muito bons, que eram constantemente lidos para os pais babões de plantão. Os mitos hollywodianos eram como amigos da rua. Habitavam sua casa, desde sempre. | COLEÇÃO DE FILMES | FACEBOOK | TWITTER