Tweetar
| filme 102 | ARGO
A história de um resgate mirabolante!
Ben Aflleck é um queridinho de
Hollywood, assim como seu amigo Matt Damon (com quem faturou o Oscar de Roteiro
Original, em 1998, pelo filme Gênio Indomável). Surgiu para o Mundo nos filmes
do diretor independente Kevin Smith, por quem sempre teve uma admiração
profunda, tanto que podemos notar algumas referências ao diretor de filmes como Dogma e Procura-se Amy em momentos importantes
de Argo: o universo de personagens da cultura pop como o elenco de Star Wars
filmado em miniaturas de brinquedo e a abertura – uma mescla de quadrinhos que
depois de marcados se transformam em imagens reais, da época em que ocorreram
os fatos narrados na história.
O drama, inserido no sub-gênero drama
de fatos reais, é a terceira incursão de Ben na direção de filmes, e parece ser
o passo definitivo para que ele se torne um dos nomes mais quentes para
comandar projetos em Hollywood. A história real, revelada em 1997, no governo
do então presidente Bill Clinton, mostra uma operação para resgatar seis
americanos que fugiram da embaixada americana e se refugiaram na casa do
embaixador canadense, após uma invasão (que fez mais de 60 reféns) comandada
pelos revolucionários ligados ao líder da revolução iraniana de 1979, Aiatolá
Khomeini. O agente da CIA Antonio J. Mendez,
ou Tony Mendez, tem uma ideia para resgatar os seis americanos e parte para o Irã, na missão mais importante e arriscada da sua vida: tentar trazer os
civis de volta. A operação é mirabolante: transformar os refugiados em uma
equipe de filmagem canadense, que viajou até o Irã em busca de locação para um
filme de ficção cientifica.
Os desdobramentos do plano de resgate
acontecem num ritmo alucinante, com o aumento da tensão à medida que o filme
vai chegando ao final, o ápice ocorrendo uns dez minutos antes da subida
dos créditos. A edição de imagens (montagem) é um dos pontos altos da produção.
William Godenberg é o montador responsável pela sequência de resgate (de tirar
o folego). Ele venceu o Bafta e é forte concorrente ao Oscar na categoria. Ben está
correto no papel do agente Tony Mendez, mas os melhores momentos de
interpretação do filme acontecem com os veteranos John Goodman e Alan Arkin
(indicado ao Oscar de melhor ator coadjuvante), nos papeis de John Chambers e
Lester Siegal, dois funcionários de Hollywood que ajudam Tony na empreitada.
Aliás, usar a própria indústria do cinema dentro de um filme parece que vem
sendo aposta bem sucedida para prêmios e indicações desde os sucessos de Hugo
Cabret e O Artista.
A produção é extremamente acertada e
a reconstituição da época, das imagens marcantes e dos próprios personagens
reais envolvidos é espetacular, tanto que após o final, no momento dos
créditos, somos presenteados com a comparação do que foi “de verdade” com a
recriação pelos olhos de Ben Affleck. É bem possível que Argo (que vem a ser o
nome do roteiro do filme de mentira que a “equipe” de filmagem produziria no
Irã) vença o Oscar de melhor filme. Parece ser o grande rival de Lincoln, outro
favorito. A verdade é que Hollywood tem paixão pelas suas crias, pelos jovens
que ela vê amadurecer diante dos seus olhos. Saído dos filmes alternativos de
Kevin Smith, menino prodígio que venceu o Oscar de melhor roteiro ainda muito
jovem, marido de Jeniffer Gardner e boa praça total, Benjamin
Affleck fez um filmão. Dentro do clima daquelas produções de espionagem dos
anos 70 como Todos os Homens do Presidente, Três dias do Condor ou Operação
França, com uma linguagem visual mais limpa, ritmo um pouco mais rápido e o uso
de recursos bacanas como as imagens em desenho no início do filme. Ben
encontrou seu estilo e nós ganhamos um grande filme.
Argo recebeu seis nominações para o
Oscar. Melhor filme, roteiro adaptado (de um livro do próprio Tony Mendez), ator
coadjuvante, edição, trilha sonora, edição de som e mixagem de som.
Argo em Bluray na Amazon.com