banner

| filme 103 | LINCOLN

Um cara que fez história!


filme americano, steven spielberg



Steven Spielberg tem cheiro de Oscar. Mas, nem sempre foi assim. Até o aclamado A Lista de Schindler, o diretor americano mais famoso da história era um solene ignorado por Hollywood. Com o filme de 1992, Steven faturou o prêmio de melhor diretor (bisado em 1998 com O Resgate do Soldado Ryan) e parece ter encontrado a fórmula para ser sempre favorito aos Oscars que concorre. Em comum seus dois filmes que lhe renderam estatuetas e Lincoln tem uma coisa: são histórias reais (em que pese O Resgate do Soldado Ryan ser uma criação ficcional em cima de uma história real). Pois, parece que a indústria de Hollywood não curte o Spielberg da ficção, ela leva mais a sério o diretor que coloca sua visão em fatos marcantes da história americana.

Em Lincoln vemos os bastidores que antecederam a votação da histórica emenda número 13, que veio para abolir a escravidão nos Estados Unidos. Em plena guerra civil americana, o norte abolicionista e o sul escravocrata eram governados pelo presidente Abraham Lincoln. No meio do turbilhão provocado pela guerra, Lincoln decide usar a emenda como ponto crucial para o fim da mesma, omitindo que os dois lados da disputa já acenavam com uma trégua. Usando politicamente a batalha entre sul e norte para conseguir seu objetivo, ele junta um grupo de lobistas (prática centenária e profissional na américa do norte) e faz valer seu charme e seus "causos" para conquistar simpatizantes.

O drama de fatos reais (mesma categoria do grande rival no Oscar 2013 - Argo) pode sofrer um certo preconceito no Brasil porque é demasiado arrastado e extremamente realista, com muitos nomes, muito papo, enfim, muita política. Mas, para quem tem interesse histórico é interessante ver os embates no acalorado congresso, onde duelam republicanos abolicionistas e mais humanos e democratas extremamente arrogantes e ligados ao modus operandi escravocrata. Em pouco mais de 100 anos impressiona que o papel de vanguarda não cabe mais ao partido republicano.


Spielberg fez com Lincoln um exercício de direção bem próximo ao de A Lista de Schindler. Closes longos no seu protagonista, fotografia escura, reconstituição de época apuradíssima, um clímax (o momento da votação) e campo farto para o seu personagem principal brilhar. Se Liam Neeson deu show como o médico Oskar Schindler, Daniel Day-Lewis impressiona e choca com a caracterização do presidente americano. Físico, olhar, voz, postura, roupas. Parece que Lincoln ressuscitou e decidiu fazer um filme com Spielberg. Daniel está em outro patamar na arte de atuar. E, salvo uma surpresa monumental, vencerá o terceiro Oscar da sua carreira. Tommy Lee Jones e Sally Field (ambos indicados ao Oscar) também estão perfeitos.

Lincoln não é o melhor Spielberg, mas é uma aula de história com um professor sensacional.


As indicações de Lincoln ao Oscar 2013: melhor filme, ator, ator coadjuvante, atriz coadjuvante, diretor, roteiro adaptado, fotografia, figurino, trilha sonora original, mixagem de Som, design de produção, edição.



Lincoln em bluray na amazon.com (entrega no Brasil)



Compartilhe:
Renata Jamús
É uma apaixonada por cinema. Foi mestre em "discursos do Oscar" na infância. Teve três ou quatro muito bons, que eram constantemente lidos para os pais babões de plantão. Os mitos hollywodianos eram como amigos da rua. Habitavam sua casa, desde sempre. | COLEÇÃO DE FILMES | FACEBOOK | TWITTER