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| filme 109 | MINHA MÃE É UMA PEÇA


Comédia boa faz rir mais de uma vez!




Levar uma peça teatral, um monólogo, de sucesso absoluto para outra linguagem como o cinema pode resultar num tiro completamente errado. É um risco ainda maior porque no teatro novas piadas surgem e podem ser inseridas sucessivamente nas sessões. No cinema o roteiro está pronto e a ultima mudança só pode acontecer na ilha de edição. Depois disso, tudo é passado. Um dos grandes méritos da peça Minha Mãe é Uma Peça é a imensa capacidade de improviso do ator Paulo Gustavo, capaz de fazer piada em cima de um simples riso diferente que venha da platéia. Logo, para ser bom, ou tão bom quanto a peça, o filme tinha que contar com um bom roteiro. E o roteiro está no ponto.

Morador de Niterói a vida inteira, Paulo Gustavo não poupou brincadeiras e locações na “cidade sorriso”. As manias das pessoas que moram em Niterói, as piadas sobre o fato de todos se conhecerem e lugares famosos da cidade, como a Praia de Icaraí ou o Campo de São Bento estão presentes.


A premissa do filme é até simples, mas para quem tem muito talento não é necessário que existam altos mistérios ou perseguições. Dona Hermínia, a dona de casa que grita e faz de tudo pelos filhos, ouve dos rebentos palavras que magoam, ferem seu orgulho e amor próprio. Decide, então, sumir de casa para dar uma lição nas crias. A situação é suficiente para vermos ótimas cenas entre Paulo Gustavo (Dona Hermínia) e Sueli Franco (que faz o papel de sua tia). Após a resolução do “quiproquó” envolvendo o sumiço de Hermínia, temos outras hilárias cenas como a reunião de condomínio completamente surreal em que a personagem principal se mete. Existe tempo até para uma passagem marcante e autobiográfica na vida do ator: um acidente de automóvel da adolescência.

Diferentemente das últimas comédias nacionais, repletas de piadas sexuais e com um humor por vezes até grosseiro, Minha Mãe é Uma Peça faz rir mostrando uma sucessão de cenas e situações em que pessoas comuns ou não tão comuns assim atiram sarcasmo e humor em todas as direções, até mesmo naquelas que rir talvez seja a única solução. Das comédias nacionais que tivemos após a retomada, o filme estrelado pelo hilário Paulo Gustavo e dirigido por André Pellenz (que também dirige o ator no programa humorístico 220 volts, do canal Multishow) pode ser colocado tranquilamente entre as três melhores.

O filme vem se mantendo no topo dos mais vistos desde sua estreia. Diversão garantida para toda a família e piadas que fazem rir mesmo quando vemos pela segunda, terceira vez. Grande ator, ótimo elenco de apoio, roteiro afiado, humor rasgado sem ser baixo nível, pausa dramática e um boca a boca que vem surtindo um efeito fulminante: receita básica e difícil de ser seguida. Parece que a mãe do Paulo Gustavo ensinou direitinho como se faz.


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Renata Jamús
É uma apaixonada por cinema. Foi mestre em "discursos do Oscar" na infância. Teve três ou quatro muito bons, que eram constantemente lidos para os pais babões de plantão. Os mitos hollywodianos eram como amigos da rua. Habitavam sua casa, desde sempre. | COLEÇÃO DE FILMES | FACEBOOK | TWITTER