Quando a Disney lançou Detona
Ralph, em 2013, fruto da sua parceria com a Pixar (comprada pela Disney em
2006) muita gente pensou que seria irreversível a influência da premiada produtora
de Toy Story sobre o estilo clássico de fazer animações, pecha que a Disney
carregou por anos. Realmente, Detona emprestou uma nova cara ao jeito
tradicional dos desenhos Disney, mas isso não significou uma guinada de 180
graus. A afirmação é provada agora, em 2014, no verão escaldante do hemisfério
sul, chega a animação Frozen – Uma Aventura Congelante.
Todas as características dos
grandes clássicos Disney estão presentes: os cenários lindos, sequências de
coreografias ótimas e uma trilha sonora das melhores que já foram criadas pelo
maior estúdio de animação de todos os tempos. É um autêntico desenho Disney,
dos melhores que foram produzidos por lá nos últimos muitos e muitos anos. Acontece
que já conseguimos ver uma pequena mudança de postura e rumos diferentes dos “normais”
no roteiro desse novo produto.
As princesas estão mais independentes e é delas,
e só delas, o grande protagonismo do filme. As irmãs Anna e Elsa (vozes de Kristen
Bell e Idina Menzel) são amigas e cúmplices quando crianças. Um incidente
ocasionado por um dom que possui, porém, faz com que Elsa se separe da irmã. Já
adolescentes e órfãs, é chegada a hora de Elsa se tornar rainha. Um novo ponto
de tensão ocorre, o que desencadeia uma sequência de aventuras de tirar o
fôlego. No meio da jornada em busca da liberdade as irmãs se deparam com um
hilário boneco de neve falante, que sonha viver as alegrias e o calor do verão,
um solitário homem da montanha e seu fiel escudeiro Sven, além dos trolls, que
possuem papel importante na história, tanto no início quanto na sequência
final.
A trilha sonora de Christoph Beck
é fantástica. Com uma pegada estilo Broadway certamente vai estar entre as
indicadas para o Oscar. Dentro da parte musical, destaque para “Lei it go”,
cantada por Idina Menzel, estrela de primeira grandeza do teatro americano. "Do
You Want to Build a Snowman?”, "For the First Time in Forever" e "Love
is an Open Door" completam o time de canções de onde, certamente, sairá
alguma (ou algumas) para a lista de indicadas no Oscar 2014.
Não esquecendo os tecnicismos e a
perfeita qualidade do traço e da mistura de cores, um cartão de visitas mais
que normal dos estúdios de Walt Disney, o que impressiona mesmo é a clara
tentativa (mais que bem sucedida) de dar outra cara para as princesas do
estúdio. Anna e Elsa fogem completamente aos estereótipos das mocinhas
encantadas da Disney. Os personagens masculinos orbitam em torno da história
das duas irmãs. São secundários e realmente não ganham destaque sequer na
sequência final. Até mesmo a saída clássica, para o tal beijo do amor
verdadeiro, ganha contornos modernos e mostra que nem tudo na vida se resume a
um príncipe encantado. O resultado final é um filme que agrada aos pequenos,
aos jovens e aos adultos, exatamente porque possui tudo que um bom "cinemão" deve
ter: boa história, personagens bem construídos, cenários deslumbrantes e uma
perfeita combinação de comédia, drama e aventura. Do jeito que é a vida de
qualquer princesa da vida real.
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Renata Jamús
É uma apaixonada por cinema. Foi mestre em "discursos do Oscar" na infância. Teve três ou quatro muito bons, que eram constantemente lidos para os pais babões de plantão. Os mitos hollywodianos eram como amigos da rua. Habitavam sua casa, desde sempre. |
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