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| filme 11 | INVERNO DA ALMA
E se fosse impossível fugir do seu destino?
- O que realmente não posso suportar é sentir tanta vergonha por meu pai.
- Bem, ele amava todos vocês. É aí que ele foi fraco. Muitos de nós podem ser duros, duros demais e durante um longo tempo.
- Mas ser dedo-duro.
- Por muitos e muitos anos ele não foi. Ele não era, não era. E um dia se tornou.
Eu esperava mais do filme Inverno da Alma. No fim, ele resiste como um bom suspense. E também pela atuação da Jennifer Lawrence (indicada ao Oscar de melhor atriz em 2011). A mocinha cuida de dois irmãos mais novos e da mãe doente, numa cidadezinha entre o nada e o lugar nenhum, no miolo dos Estados Unidos. Um belo dia, recebe a notícia que seu pai colocou a casa como garantia de fiança e para não perdê-la ele precisa comparecer em uma audiência. Com o não comparecimento do pai, a casa fica ameaçada e só resta para a menina sair em busca de notícias.
Todos que a cercam são bandidos. Mas ela resiste aos apelos para sucumbir ao mundo da contravenção. Segue firme buscando uma solução para não perder a casa. Em sua busca ela se depara com as razões que levaram seu pai a uma vida marginal. E nós percebemos o quão difícil deve ser não aceitar o destino que nos é imposto, fugir dele.
- Você sempre teve medo de mim.
- Porque você é inteligente.
O contexto de vida da jovem é áspero. Imagine viver cercado de bandidos, ou de gente medíocre. Imaginou? Mas, ao mesmo tempo, pense que para sair desse círculo você deverá deixar pra trás pessoas que realmente ama. É possível abdicar daqueles que amamos para realizar um sonho?
Lá pelas tantas a jovem se depara com o dilema. Sem ainda saber, ela faz a escolha. Algo que irá carregar para sempre. O que poderia ter sido e não foi. Mas, aparentemente, ela não se importa muito. Porque a opção é clara: ela preferiu estar ao lado daqueles que ama. E que precisam dela.
- O dinheiro significa que você vai embora?
- Não vou deixá-los, por que você acha isso?
- Ouvimos você falando sobre o exército. Está querendo nos deixar?
- Eu estaria perdida sem o peso de vocês nas minhas costas.
Sempre achei fácil enfrentar o destino. Lá atrás, quando eu era bem novinha parecia inacreditável que meu pai se martirizasse tanto por ter deixado um emprego tão bom, ainda tão novo para abrir o seu próprio negócio (que anos depois não deu certo). Eu pensava: “Gente, levante, homem! Mude o seu destino.” Existem filmes que nos mostram como é difícil ser o que não está reservado desde sempre. Como é difícil fazer uma hsitória diferente. Nossa heroína queria duas coisas. Teve que achar um meio termo. Meu pai também achou o dele. E viver de meio termo? É permitido?