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| filme 104 | LES MISERABLES

A redenção vem com a música...


aperture, abertura


Em 1862, Vitor Hugo escreveu a obra Os Miseráveis. Em 1980, Claude-Michel Schönberg, Alain Boublil e Herbert Kretzmer criaram e montaram o musical, inspirado totalmente na obra do mestre francês. Les Miz (como ficou conhecido) se tornou um dos maiores sucessos do circuito de musicais em todo Mundo. Vinte e dois anos depois, o diretor Tom Hopper (premiado como melhor diretor em 2011 pelo ótimo O Discurso do Rei) decidiu sair do lugar comum e teve a coragem de fazer um musical ao estilo clássico. Relançou moda. Diferentemente de Moulin Rouge e Nine que usam músicas atuais em suas sequencias, a produção de Tom segue à risca as composições originais.

Em quase três horas de produção os fãs de musicais podem se deliciar com sucessos históricos como “I Dreamed a Dream” (que recebeu incontáveis interpretações ao longo do tempo), na voz de Anne Hathaway, que fatalmente levará o Oscar de melhor atriz coadjuvante pelo show que dá na interpretação - um close longo (o tempo da música), uma maquiagem que conseguiu deixar Anne horrível, um desespero, uma desesperança que deixam a angustia de sua personagem atingir quem assiste, será difícil outra interpretação superar o momento que Tom conseguiu arrancar da sua atriz, ou “On My Own” que recebeu uma bela interpretação de Samantha Barks. A potência vocal dos atores, aliás, está em total equilíbrio. E os mash ups que mesclam todas as músicas em determinado momentos também se encaixam perfeitamente em cenas cruciais do filme. Hugh Jackman é um capítulo especial. Que o ator sempre foi bom de voz todos sabiam (vide a bela parceria que ele fez com Anne na festa do Oscar de 2009), mas aqui ele consegue emprestar dramaticidade nas interpretações sem parecer over, levando muito bem uma história bem pesada nas costas. Má sorte a dele que Daniel Day Lewis resolver ressuscitar Lincoln, não fosse isso o Oscar seria de Hugh, merecidamente.

Jean Valjean (Hugh Jackman) é um ladrão que passa anos e anos preso. Quando consegue sair da prisão ainda não se sente completamente livre, pois precisa apresentar uma carta da condicional em cada tentativa de emprego. Uma noite, recebe abrigo na igreja de uma cidade e decide mudar de identidade, não retornando mais para se apresentar em datas previstas pelas autoridades. Começa, então, uma caçada impetrada pelo seu antagonista Javert (Russel Crowe). Ao longo dos anos, enquanto Jean busca redenção, Javert corre cego atrás da sua vítima. No meio disso, Jean conhece Fantine que o faz prometer ir até a filha de quem está separada para dar-lhe abrigo. Jean se torna pai da jovem Cosette (Amanda Seyfried). Os anos passam e Jean e Cosette retornam para Paris, onde a jovem encontra o amor e Jean o seu destino. O pano de fundo da obra fala de um França em ebulição revolucionária. Mas os protagonistas, mais preocupados estão com a redenção que precisam alcançar para suas vidas, principalmente o protagonista Valjean.


A obra clássica de Vitor Hugo ganha em romantismo e opulência com os takes em plano aberto da Paris do século XIX. Ganham em dramaticidade com os longos closes que o diretor impõe aos seus atores, principalmente Hugh, Anne e Russel e ganha até em leveza com a participação de Sacha Baron Cohen. O filme é realmente todo cantado, apesar de ser uma alegria para os fãs de musicais, pode parecer entediante para quem não gosta tanto assim. Mas, não precisa torcer o nariz, é um caso de filme que transcende qualquer preconceito que podemos ter com gênero. O esmero técnico fez a produção ser justamente indicada aos Oscars de melhor figurino, direção de arte e maquiagem. Além disso, concorre nas categorias de melhor filme, ator (Hugh Jackman), atriz coadjuvante (Anne Hathaway), mixagem de som e canção original (Suddenly – que será cantada por todo o elenco na festa do Oscar).


Les Miz em bluray nas amazons dos EUA e Inglaterra.



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Renata Jamús
É uma apaixonada por cinema. Foi mestre em "discursos do Oscar" na infância. Teve três ou quatro muito bons, que eram constantemente lidos para os pais babões de plantão. Os mitos hollywodianos eram como amigos da rua. Habitavam sua casa, desde sempre. | COLEÇÃO DE FILMES | FACEBOOK | TWITTER