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| filme 105 | O IMPOSSÍVEL

Um Tsunami de emoções.



O diretor Juan Antonio Bayona é um catalão de 38 anos e muito talento para produzir filmes de suspense. É dele um sucesso de boca a boca nos cinemas, o filme O Orfanato de 2007. Em O Impossível (Lo Imposible, no original em Espanhol), ele constrói o melhor filme sobre o tsunami que devastou a Tailândia em 2004. Por mais catastrófico que seja o tema, Juan conseguiu criar uma história de coragem, amor e perseverança, que fica ainda mais forte quando descobrimos ser a narrativa a tradução cinematográfica de fatos reais ocorridos com uma família espanhola de férias na Tailândia.

No filme, os espanhóis viram ingleses, mas todas as outras informações são mantidas. Maria, Henry e os filhos Lucas, Thomas e Simon partem para a Tailândia em Dezembro de 2004, para curtir o Natal. Dois dias depois de chegarem, quando estão na piscina do hotel, são surpreendidos pelo tsunami que varreu 13 países e matou mais de 204 mil pessoas. A partir daí, ao invés de cair no clichê básico de construir um filme-catástrofe ao estilo O Dia Depois de Amanhã ou 2012, o diretor espanhol busca enfatizar os momentos de solidão e desespero pós tragédia, dando ênfase às expressões e diálogos entre os sobreviventes. Apesar das reconstituição dos fatos reais ser impressionante, são os closes nos atoes e a relação entre os parentes da família perdida que movem o filme.


Em dois momentos somos brindados com excelentes momentos de Naomi Watts (a mãe) e Ewan McGregor (o pai). Naomi, por sinal, foi merecidamente indicada ao Oscar de melhor atriz em 2013. Quando conversa com seu filho mais velho, no meio do caos generalizado, ela convence o menino a salvar uma criança. A cena em que a mãe mostra ao garoto que de nada vale se salvar sem ser solidário com as dores dos outros é de uma sensibilidade absurda, tanto que o diálogo parece ser travado numa sala de estar. Ewan protagoniza um momento também chocante, quando liga para sua casa na Inglaterra e avisa sobre o desaparecimento da esposa e do filho mais velho. Os atores que interpretam as crianças estão ótimos e encararam com destreza gravações em um ambiente extremamente pesado. Destaque para Tom Holland (que faz Simon, o filho mais velho).

Coragem, bravura, desesperança, esperança, amadurecimento, amor. Os sentimentos que permeiam nossa vida em diversos momentos são elevados ao grau máximo numa situação de crise como essa. Ao invés de correr atrás de uma blockbuster de efeitos especiais, Bayona preferiu mostrar quais são as opções que podemos seguir quando nos encontramos no fio da navalha. E o mais legal de tudo é que o Tsunami é apenas um detalhe. A lição é para uma vida com a onda, ou sem ela.

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Renata Jamús
É uma apaixonada por cinema. Foi mestre em "discursos do Oscar" na infância. Teve três ou quatro muito bons, que eram constantemente lidos para os pais babões de plantão. Os mitos hollywodianos eram como amigos da rua. Habitavam sua casa, desde sempre. | COLEÇÃO DE FILMES | FACEBOOK | TWITTER