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| filme 119 | O GRANDE HOTEL BUDAPESTE


CINEMÃO DE ENCHER OS OLHOS!



Wes Anderson tem um jeito bem peculiar de contar histórias. Para começo de conversa, seus filmes são quase sempre marcados por uma fotografia deslumbrante. A direção de arte, cenários e figurinos completam o quarteto que o diretor resolveu investir para deixar a sua marca na direção de filmes. Mas, e a história? Sobre qual enredo o diretor ergue seu combinado técnico de imagens? Bem, as histórias são as mais simples possíveis. Fala de gente, vivendo excentricidades e reagindo aos acontecimentos com a singeleza que todos nós carregamos.

No maravilhoso MOONRISE KINGDOM, um dos seus maiores sucessos, Wes desfila apuro estético por uma família totalmente maluca e nos joga na história de amor de dois adolescentes. Os personagens excêntricos são, ao que parece, o tema preferido na hora de elaborar seus enredos.

O Grande Hotel Budapeste já tem nome diferente. Não é de se espantar que o desfile de tipos bizarros seja uma constante durante as duas horas e poucos minutos de projeção. O filme começa com um velho autor explicando como inicia seu processo de escrita. Numa frase emblemática diz que “os personagens apresentam a história para ele”. E então volta ao passado para lembrar alguns condutores de contos que encontrou quando se hospedou no Grande Hotel Budapeste. Narra um especial encontro com o velho e cansado dono do hotel. Na conversa que se segue somos remetidos a outro momento e apresentados aos dois protagonistas da história: o concierge M. Gustave e o chamado "lobby boy" Zero. A dupla protagoniza e aparece em 80% do filme. Ralph Fiennes está soberbo como o refinado e afetado, porém másculo, funcionário que é a alma do Budapeste. Tony Revolon é o garoto que empresta um ar assustado e admirador ao protegido de Gustave. Um ponto que merece destaque é o elenco que transita em pontas e papeis importantes. É estelar: Adrien Brody, Willem Dafoe, Jude Law, Jason Schwartzman, Harvey Keitel, Jeff Goldblum, Tilda Swinton, Owen Wilson, Tom Wilkinson, Edward Norton, Léa Seydoux entre outros.


A sinopse mínima pode ser explicada sucintamente: Gustave se torna herdeiro de uma enorme herança, mas a família da falecida não aceita de forma alguma a nova realidade sem dinheiro e corre atrás do pobre (rico) concierge. Zero, fiel escudeiro, se torna cúmplice dos planos de M.Gustave para se livrar da família e cuidar da herança. A história dentro da história, dentro da história. E os personagens que fazem tudo acontecer. Bem que o velho escritor havia nos contado no início do filme. 

Mas não é apenas isso. Wes Anderson sabe contar histórias. Sabe contar coisas simples através de imagens simplesmente inacreditáveis. A fotografia, edição, direção de arte, figurino e maquiagem estão todas indicadas ao Oscar de 2015. E não surpreenderia absolutamente ninguém se ganhassem todas. É impressionante como visualmente tudo combina. A produção ainda recebeu as indicações mais importantes para melhor roteiro original, melhor diretor e melhor filme. A trilha sonora, que mais uma vez, assim como em Moonrise, Wes consegue transformar em parte intrinsecamente ligada ao filme também está indicada ao Oscar. São NOVE indicações e um esquecimento bizarro: inacreditável Ralph não estar entre os indicados.

Mas, prêmios à parte, vale se entregar ao desbunde visual e ao jeito caseiro de contar histórias de um dos diretores mais autorais da atualidade. Que Wes continue criando esses Mundos coloridos e loucos. Seria bem legal se a vida fosse assim de verdade.
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Renata Jamús
É uma apaixonada por cinema. Foi mestre em "discursos do Oscar" na infância. Teve três ou quatro muito bons, que eram constantemente lidos para os pais babões de plantão. Os mitos hollywodianos eram como amigos da rua. Habitavam sua casa, desde sempre. | COLEÇÃO DE FILMES | FACEBOOK | TWITTER