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| filme 120 | DIVERTIDA MENTE
E
NUNCA MAIS VAMOS PENSAR DA MESMA FORMA!
Geniais.
Após alguns filmes "apenas" bons, os geniais da Pixar ressurgem em
2015 com uma das ideias mais interessantes dos últimos tempos: mostrar em
imagem, com enredo e personagens como ocorre o processo que alavanca nossos
pensamentos, posturas diante dos acontecimentos, ações e interações com outras
pessoas. A história toda acontece dentro da cabeça de uma garotinha de 11 anos,
que acabou de mudar de cidade por conta do trabalho do pai. Riley sofre uma
mudança brusca ao sair do frio estado de Minnesota para a ensolarada
Califórnia.
Mas
o plano principal do filme acontece dentro da cabeça da menina. É lá que os
personagens principais vão desfilando um monte de referências da cultura pop,
da psicologia e até mesmo de outros filmes da Pixar em sequências tão bem
feitas que durante toda a projeção você repete muitas vezes “que maneiro!”,
“sensacional bolarem isso”, “que sacada genial!”, entre outras. Alegria,
Tristeza, Raiva, Nojinho e Medo. São essas, na visão da Pixar, as emoções que
dominam nossa mente. Da interação entre elas, numa sala de controle, é que
somos impelidos a externar o que sentimos. Quando alguém nos irrita, é a Raiva
que está no comando, quando achamos um cabelo na comida, Nojinho domina. E por
aí vai. Cada momento da nossa vida é guardado em bolas de pensamento, e existem
aqueles que ajudam na formação do nosso caráter, na criação das nossas ilhas
mais importantes (família, honestidade, lazer, amizade, bobeira).
O
comandante chefe da mente da Riley é a Alegria, não poderíamos esperar outra
coisa para uma criança. Um contraste com os comandantes chefes dos outros
personagens (“grande sacada!), já que, qual seria a emoção dominante na cabeça
de uma mãe? Ou de um pai de família? Somos diferentes e dentro de nós também
são diferentes as emoções dominantes. Palmas pra Pixar que sempre valoriza a
não padronização comportamental em seus filmes. Um alento na hora de ver com os
pequenos. Mas então, Alegria é a dona do pedaço e as outras emoções sofrem sua
total influência. Um acontecimento na sala de controle joga Alegria e Tristeza
para fora do comando e durante todo o filme a tentativa de retorno é o que move
o enredo. Raiva, Nojinho e Medo não conseguem conviver sozinhos e a vida de
Riley começa a mudar completamente.
É
sempre bom lembrar a predileção quase que obsessiva que a Pixar tem por duplas
protagonistas. Em absolutamente TODOS os filmes do estúdio tivemos sempre um
par de personagens principais. Marlin e Dory, Buzz e Woody, Carl e Ellie, Mike
e Sullivan, Wall.e e Eva, entre muitos. Aqui Alegria e Tristeza dividem as melhores cenas do
longa. E da interação entre elas, na viagem de volta ao centro de controle,
brotam cenas e sacadas absolutamente fantásticas. São tantos momentos no Mundo
dos Sonhos, ou no Atalho, com tantos símbolos que durante boa parte do tempo
ficamos de boca aberta. A recomendação é só essa: prestar atenção e curtir. O
colorido, as texturas estão cada vez mais reais. A técnica do desenho continua
intacta, mas em Divertida Mente o que chama atenção é a forma como usam as
cores. Para definir um personagem, para mostrar um pensamento bom, ou um ruim,
para mostrar as mudanças de humor de Riley no mundo de fora da mente. E eles
inventaram a fotografia de animação. Gênios!
A
opção por não vilanizar a Tristeza é mais um acerto. Até referência ao mal do
século nós temos: falam de depressão, nas entrelinhas mas falam. Num filme
"de criança"! A forma como a Alegria descobre o famoso “dois lados da
mesma moeda” é de arrancar lágrimas em qualquer ser humano vivo ou morto. Tente
não chorar. Óbvio que em muitos momentos vemos a linguagem do desenho, para
crianças, mas sem sombra de dúvidas somos nós, adultos, que iremos saborear com
gosto essa obra-prima da psicologia animada (eles criaram isso mesmo). Talvez
seja o melhor filme de animação de todos os tempos. Coisa pra ver e rever por
muitas e muitas vezes. Chorar e rir, com as duas meninas de braços dados dentro
da cabeça da gente.