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| filme 49 | MOULIN ROUGE - AMOR EM VERMELHO



Amor é tudo o que precisamos?

“A coisa mais importante que você jamais aprenderá é amar e ser amado em retorno.”

O ano é 1899, o cenário é o lendário Moulin Rouge, no boêmio bairro Montmartre, em Paris. Um jovem escritor enfrenta seu pai para viver no ambiente intelectual e boa-vida que tanto admira. Drogas, bebida, prostituição e muita produção intelectual. Uma bela e famosa dançarina de Can-Can vive sua rotina de luxo e degradação moral. A mais requisitada cortesã é alvo de centenas de homens ricos e afoitos por um olhar sequer. O encontro dos dois acontece por acaso, em uma situação inesperada. E é inesperado também o amor que surge, em ambos, instantaneamente.

Começa aí mais um filme que tinha tudo para ser mais uma releitura da velha história do amor proibido. Prometida a um conde rico, Satine (Nicole Kidman), é obrigada a escolher entre o conforto e o sentimento. Christian (Ewan McGregor) é, para ela, a personificação de tudo que sempre esperou de um homem, mas não é a quem está prometida. A razão tenta sobrepor a emoção, sem sucesso. Mas o filme vai além. Com elementos de deixar qualquer crítico cinematográfico boquiaberto, a história, um musical delicioso, vai se desenrolando de forma inesperada. Comédia, romance, drama, fantasia, suspense e muita música e poesia. Quem nunca se viu em uma encruzilhada, romântica ou não? Quem nunca tentou abafar o sentimento com a razão? Invariavelmente, essa é a fórmula da infelicidade ou do insucesso. Mas ainda assim, tentamos, a cada vez que o coração nos surpreende, ser como Satine, e tentar dar um sentido lógico às decisões.

- Tolice a minha pensar que poderia se apaixonar por alguém como eu.
- Não posso me apaixonar por ninguém.
- Não pode se apaixonar? Mas uma vida sem amor... isso é terrível!
- Não! Viver na rua é terrível!
- Não, amor é como oxigênio!
- O quê?
- O amor é algo maravilhoso, o amor nos eleva. Amor é tudo que precisa!

Outra questão colocada é a eficiência ou não de abdicar ao amor para proteger a quem se ama. Funciona evitar que uma relação aconteça se o sentimento persiste e fala mais alto que o cuidado? Existe amor que não seja arriscado? Existe relação que não requeira abdicação?

O filme foi vencedor de duas estatuetas do Oscar em 2002 (melhor direção de arte e melhor figurino) e indicado em outras seis categorias (melhor atriz – Nicole Kidman -, melhor fotografia, melhor som, melhor edição, melhor maquiagem e melhor filme), além de ganhar prêmios como o Globo de Ouro (EUA) e ser indicado a outros, como no Festival de Cannes (França). As músicas, muitas delas paródias e regravações de outras pré-existentes, são um charme à parte. Bandas como Queen e U2 tem suas músicas figurando no filme. As cores são marcantes, mas, todas elas, dão espaço ao vermelho, clara extensão visual do sentimento que impera na história.  Moulin Rouge é um afago em nossos olhos, ouvidos e, sobretudo, coração.

A tentativa é não torcer tanto o nariz, pois realmente é um musical, até diálogos são cantados. Nicole Kidman está exuberante (ainda na era pré-botox) e Ewan McGregor tem uma voz suave. Vale lembrar que todos os atores do filme cantam de verdade. Recomendo o filme para quem gosta de musicais e histórias bonitas. Mas, para quem ama, é amado, ou valoriza o amor, Moulin Rouge é um filme essencial. Independentemente do cenário e da época, dialoga com cada apaixonado que existe em nós e nos leva à seguinte reflexão: O amor é suficiente? 



Trilha sonora do filme. Clique no "play" e ouça.

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Renata Jamús
É uma apaixonada por cinema. Foi mestre em "discursos do Oscar" na infância. Teve três ou quatro muito bons, que eram constantemente lidos para os pais babões de plantão. Os mitos hollywodianos eram como amigos da rua. Habitavam sua casa, desde sempre. | COLEÇÃO DE FILMES | FACEBOOK | TWITTER