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| filme 74 | SINTONIA DE AMOR
Uma história de amor pode existir sem beijo na boca?
A grande sacada do filme Sintonia de Amor é exatamene esta. Os personagens principais, o “casal” do filme só convive durante uns cinco minutos de projeção. Beijo na boca? Não existe. Não houvesse uma ótima história por trás, recheada de diálogos interessantes e uma dupla de protagonistas extremamente carismática, o “amor sem beijo” já seria um chamariz suficiente para aqueles que ousam embarcar nesta comédia romântica, dirigida e escrita por Nora Ephron (roteiro em parceria com David S. Ward e Jeff Arch – todos indicados ao Oscar de melhor Roteiro Original).
Viúvo há um ano e meio, Sam Baldwin não consegue esconder de seu pequeno filho, Jonah, a tristeza pela qual está passando. Preocupado com a situação, o garoto participa de um programa de rádio chamado “Spleepless in Seattle” (título original do filme), por telefone, dizendo às ouvientes que ele gostaria de arrumar uma companheira para seu pai. Muito longe dali, Annie Reed está viajando em seu carro quando ouve o desabafo de Johan. Ela fica encantada com o menino e com a forma como ele descreve o pai.
Locutora: “Por que sua esposa era tão especial?”
Sam: “Eram milhões de pequenas coisas. Mas que, quando somadas, significavam que éramos feitos um para o outro. E eu soube disso desde a primeira vez que a toquei. Era como voltar para casa. Uma casa que eu ainda não conhecia. Eu apenas peguei na mão dela, para ajudá-la a descer do carro. E eu soube. Foi como… mágica.”
Tempo depois do primeiro contato de Jonah no programa de rádio, o próprio Sam se vê ao vivo, respondendo questionamentos da locutadora e aquecendo a imaginação de milhares e milhares de mulheres pelos Estados Unidos. Anne segue intrigada com a capacidade que aquele homem tem de amar, ainda mais se levarmos em conta que ela vive uma relação sem sal, porém correta, com um empresário chamado Walter
Uma das coisas mais legais que vemos na produção é a forma como ela brinca com o jeito que homens e mulheres enxergam o amor e os relacionamentos. É um filme de gênero sem ser sexista e todo debate gira em torno de amor e romance. Então, se o cinéfilo não curte o filão, fatalmente vai achar um filme meia-bomba. Mas, pra quem gosta de comédias românticas é uma das grandes da década de 90. Além disso, vale destacar as interpretações: Tom Hanks e Meg Ryan formam um casal muito bacana! E o garoto Ross Malinger, que faz Johan, é nada menos do que o fio condutor da história, um fofo!
Annie: “Isso era quando as pessoas sabiam como era estar apaixonada. Elas sabiam! Tempo, distância… nada poderia separá-las porque elas sabiam. Estavam certas. Era real. Era…”
Becky: “… um filme! Esse é o seu problema! Você não quer estar apaixonada. Você quer estar apaixonada em um filme!”
Os símbolos românticos estão todos lá: Annie é fanática por Tarde Demais para Esquecer, ama a sequência final no Empire State, suspira o tempo todo e chora sempre com a mesma cena do filme preferido. Ao mesmo tempo em que investe no tema “amar e ser feliz é um estado de espírito e não necessariamente precisa de realidade para sobreviver”, é somente quando os personagens decidem se libertar das amarras de suas idealizações que Sintonia de Amor nos leva ao final feliz. Talvez seja isso mesmo, idealização só serve enquanto a realidade não vem.
Cenas do filme embaladas pela música "A Wink and a Smile" - indicada ao Oscar de Melhor Canção Original