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| filme 51 | UM DOMINGO QUALQUER
Um olhar apaixonado para um jogo que vale milhões!
Algum dos meus poucos leitores já viu como funciona quando um brincalhão mexe com a paixão esportiva de um aficcionado por esporte? Qualquer esporte. Obviamente que, de acordo com a cultura nacional, falamos do futebol. Mas, o filme em questão não fala sobre paixão futebolística. O esporte que está na roda também é um futebol, só que jogado com as mãos. De qualquer forma, é fácil fazer a transposição do enredo desta produção de 1999 para o contexto tupiniquim.
Nós temos o treinador idealista e que ama o jogo, Tony D'Amato (vivido maravilhosamente bem por Al Pacino), a dirigente apaixonada pelo dinheiro, Christina Pagniacci (Cameron Diaz), o famoso ex-atleta em atividade que tenta dar a volta por cima, Jack Rooney (Dennis Quaid) e o novo talento, ainda rebelde e petulante, William Beaman (Jamie Foxx). Essas quatro figuras centrais se movimentam num roteiro de idas e vindas, onde a história não é mais importante do que o tema e o enfoque. O diretor Oliver Stone é o especialista hollywoodiano para filmes polêmicos. Portanto, todo contexto trabalhado possui o centro na forma pouco escrupulosa como os “donos do jogo” tratam os times, os jogadoes e a torcida.
- É uma derrota terrível, Tony. Agora entendo porque embriagava a minha mãe para ver os jogos de futebol.
- Este tipo de jogo me faz querer saltar de uma janela. Pode ver isto um bilhão de vezes, Christina, mas num domingo qualquer..."Ou vence ou perde. A questão é: pode vencer ou perder como um homem?" Dizia o meu pai muitas vezes. Na verdade, eu disse isso. Mas nunca aguentava perder.
- E o Julian não resistiu na luta|pelo seu bônus das jardas.
- Culpe a mim, não ao Julian.|Essa decisão foi minha.
- Eu sei que foi, Tony. São quatro seguidas. Esta temporada é um desastre. Sem as finais, não há mais dinheiro das televisões. Está vendo isto? Eles querem a sua cabeça.
- O seu pai iria rir deles. Este time é bom. Atacamos, vencemos. Pressionamos, vencemos. Penetramos, vencemos. Façam-o o mais duro que seja possível fazer! E sejam assim em tudo. Lutem até à morte.
- É disso que estou falando. Lutem até à morte. O meu pai dizia: “Não há intensidade, não há vitória. " Onde raios está a sua intensidade, Tony?! Há quatro anos ganhamos|a Taça Pantheon! Eu estava lá, lembra-se?| Agora, oque nós somos? Somos um time de segunda,|a verdade é essa.
O fenômeno do futebol americano nos Estado Unidos pode ser medido pelo valor de um comercial no Superbowl, como é conhecida a final entre os dois melhores times da temporada. Acontece que por mais negócios que existam dentro de um esporte que atingiu o ápice do profissionalismo, sempre haverá um embate com os apaixonados. No meio da batalha técnica que o filme mostra – o time do técnico Tony D`Amato enfrente uma crise sem precedentes – existe uma batalha entre o olhar apaixonado, do próprio treinador D`Amato e o olhar frio e calculista dos lucros, protagonizado pela antagonista do treinador, a administradora do time, Christina Pagniacci.
Sentimos até falta de ar com as cenas das partidas. Câmera nervosa, seguindo a bola e a movimentação dos jogadores. Temos a autêntica e genuína sensação de participar dos jogos. Se você não entende nada de futebol americano, não ligue. O filme fala sobre paixão e razão. Superação e perecimento. Os temas, como vemos, são universais. A frase lapidar da produção é dita por Tony D`Amato: “num domingo qualquer ou você vence ou você perde”, a questão central é como você faz isso? A experiência pode ser ampliada para outras áreas da vida. Ganhar ou perder faz realmente parte de tudo que nos cerca, digerir a derrota ou a vitória é que são elas. Durante as duas horas e meia de filmes, a gente acaba aprendendo a perder e, principalmente, a ganhar.