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| filme 52 | UM LUGAR CHAMADO NOTTING HILL


O amor precisa de coragem para sobreviver.

- Anna, quanto tempo pensa fícar na Inglaterra?
- Indefínidamente.

Um daqueles filmes que a gente não cansa de ver. Se você está distraído trocando os canais da televisão e, por algum motivo, Um Lugar Chamado Notting Hill aparece na telinha não tem jeito, você já foi fisgado. Talvez por retratar um tipo de história de amor que alguma vez na vida nós já sonhamos em viver – um ser humano comum que se apaixona e é correspondido por uma estrela (do cinema, da música etc) – talvez por contar com o carisma de Julia Roberts (química perfeita com Hugh Grant) ou, quem sabe, talvez por tratar de uma tema universal: o tal do amor, que chega, não pede licença, cresce e aparece nos lugares mais inesperados. Desconfio que seja por conta de tudo isso junto.

“Vivo em Notting Hill.
Você, em Beverly Hills.”

Will, um cara tímido e bem inglês (seja lá o que isso significa), tem uma livraria e vive uma vida bem pacata em Notting Hill. Anna Scott é uma das mais famosas atrizes de Hollywood, que está em Londres para lançar seu último filme. Nesses golpes do destino, Anna entra na livraria de Will e aí começa uma história (ainda não de amor, mas com um grande potencial para se tornar). As cenas que se seguem são aquelas que apontam o encatamento mútuo, a desilusão mútua e o reencantamento. A dupla de atores principais conta com coadjuvantes super luxo, como o Spike (magistralmente interpretado por Rhys Ifans), melhor amigo de Will.

- Preciso ir hoje, mas queria saber, se não fosse assim se poderíamos nos ver... um pouco ou muito, talvez. Ver se volta a gostar de mim.
- Mas ontem perguntaram quem eu era e me descartou. Eu ouvi. Você tinha um microfone...Eu, fones de ouvido.
- La dizer a verdade ao maior fofoqueiro da Inglaterra?
- Sou um sujeito sensato. Não me apaixono com muita freqüência. Mas posso dizer "não"
ao seu amável pedido e deixar assim?
- Claro. Certamente. Tudo bem. Então, vou indo. Foi bom ver você.
- Com você, corro verdadeiro perigo. Parece ser a situação perfeita, se ignorarmos seu mau gênio. Mas...meu relativamente ingênuo coração, não se recuperaria...se voltasse a ser descartado, o que certamente aconteceria. Há excesso de fotos suas, excesso de fílmes. Você iria embora e eu ia acabar...arrasado, basicamente.
- É realmente um "não".
- Todo mundo a conhece. Mamãe mal se lembra do meu nome.
- Bem, decidiu, então. Boa decisão.


Temas que tem como pano de fundo o bom e velho “amor impossível” atraem todos, desde os mais românticos até os céticos, estes últimos para confirmar: “tá vendo, é realmente impossível conciliar pessoas e universos tão distinos”. Acontece que nem sempre conseguimos domar nossos impulsos. Will tenta não querer, o medo de sofrer é maior do que a vontade de ser feliz. Os céticos dirão que no Mundo Real, normalmente, a história de amor acaba quando surge esse medo. E completarão dizendo que qualquer final diferente disso é hollywoodiano demais para ser verdadeiro. Já aqueles que vivem a vida romanticamente irão afirmar que os medos são superados, as mágoas são vencidas e o “felizes para sempre”, mesmo com tantas diferenças, nunca deixará de acontecer, porque o amor se resolve sozinho. Românticos pensam assim: “o amor se resolve sozinho, entra e sai dos conflitos com a mesma facilidade com que tomamos água”.

“Essa questão de fama não é real, sabe. E não se esqueça que não passo de uma garota parada na frente de um rapaz pedindo a ele que a ame.”

Julia Roberts acertou em todas as comédias românticas que aceitou fazer, até hoje. Ela tem o carisma, tem o tempo certo e tem talento. Ser “namoradinha da América” por tantos anos, não é para qualquer uma. Em Hugh Grant ela encontrou o contraponto exato.

Mas, voltemos ao tema central do filme. Amor. O amor dos céticos, que se cala diante das dificuldades, ou o amor dos românticos, que se resolve sozinho? Não! O amor não se resolve sozinho, nem acaba no primeiro conflito. Ele precisa de uma coisa para sobreviver: coragem. Quem tem coragem sempre terá amor por perto. Atos corajosos são aqueles em que nos despimos de todos os medos e de todo o orgulho. Quando agimos assim, o amor encontra território livre para crescer. Deixando o campo aberto, o amor entra e arrebata. 



Trilha sonora do filme. Clique no "play" e ouça.


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Renata Jamús
É uma apaixonada por cinema. Foi mestre em "discursos do Oscar" na infância. Teve três ou quatro muito bons, que eram constantemente lidos para os pais babões de plantão. Os mitos hollywodianos eram como amigos da rua. Habitavam sua casa, desde sempre. | COLEÇÃO DE FILMES | FACEBOOK | TWITTER