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| filme 57 | SEVEN - OS SETE CRIMES CAPITAIS


Não há limites para a maldade dos homens!

“Ernest Hemingway, certa vez, escreveu: ‘O mundo é um bom lugar e vale a pena lutar por ele.’ Concordo com a segunda parte.”


Estamos em uma cidade grande que não é identificada em momento algum do filme. Temos um detetive veterano, William Somerset, que começa a trabalhar com um novato cheio de gás, David Mills. Os dois investigam, em parceria, uma série de assassinatos cometidos por um psicopata engenhoso que mata suas vítimas de acordo com os sete precados capitais, descritos na Bíblia: gula, preguiça, vaidade, inveja, luxúria, avareza e ira. Essa aparente simplicidade da trama esconde um roteiro repleto de surpresas e reviravoltas.

David Fincher, o comandante da produção, “surgiu” como diretor neste longa-metragem de 1995. Quatro anos antes, ele havia estreiado em Hollywood com o criticadíssimo Alien 3. Se em Alien 3 as críticas foram tantas que fizeram David voltar para os filmes de publicidade, em Seven ele conseguiu o seu lugar na galeria daquele tipo de cineasta que já possui um estilo próprio. Pois, em Seven, David mostra o seu estilo. Fotografia diferente, que por vezes parece até granulada, ambientes sombrios, ritmo frenético intercalado com cenas de grande tensão, além, é claro, de ótimos diálogos e argumentos sempre originais. Foi assim que David continuou, depois de Seven, fazendo filmes como O Clube da Luta, O Curioso Caso de Benjamin Button e A Rede Social.

Uma das coisas que mais me encantou em Seven são as cenas de investigação. Os locais onde cada um dos sete crimes foram praticados, sempre descobertos pelos personagens e por nós mesmos, em conjunto. Isto porque, os dois detetives estão, durante todo o filme, um passo atrás do serial killer. E nós estamos juntos com eles. Então, em alguns crimes, David usa um artifício interessante e original: os dois detetives descobrem os locais dos delitos na profunda escuridão, o que ilumina o ambiente são as lanternas que cada um carrega nas mãos.

As lanterninhas! 


Mais lanterninhas!

Seven é uma das grandes obras de suspense do final do século passado. Um dos melhores filmes do gênero e que deveria fazer parte de todas as listas dos Dez Mais. Diretor com estilo próprio, atores fantásticos (Kevin Spacey está soberbo!), roteiro certeiro e ritmo certo. Os ingredientes dosados de forma correta. Receita perfeita!

-Porque invejo sua vida normal.
-Largue a arma, David.
-Parece que a inveja é o meu pecado.
-O que há na caixa?
-Não até me dar a arma.
-O que há na caixa?
-Dê a arma.
-Ele acabou de dizer.
-Mentira. Você é um mentiroso.
-David. É o que ele quer. Ele quer que você atire nele.
- Não! Não. Diga que não é verdade.
-Não é verdade.
-Seja a vingança, David.
-Ela está bem. Diga isso.
-Seja...a ira.

A maneira como o filme lida com os pecados é extremamente interessante. Há aqueles que pecam e vemos com clareza. São pecadores natos. Clichês mesmo. Eu, por exemplo, sou uma pecadora confessa da Gula. Peco sem maiores dramas. Mas, no filme, os pecados orbitam por todos os personagens. Há o grande vilão, sim, claro! Mas, ele serve, em alguns momentos, como o cara que coloca a opção “pecar” na nossa frente. A questão instrínseca, então, se revela: o livre arbítrio – a opção que temos por não fazer ou fazer. Uma outra questão: o pecado quando é uma escolha, é pecado? E quando é induzido por alguém, para esse fim? São questões sem respostas, debates que um grande filme tem sempre a prerrogativa de provocar. 


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Renata Jamús
É uma apaixonada por cinema. Foi mestre em "discursos do Oscar" na infância. Teve três ou quatro muito bons, que eram constantemente lidos para os pais babões de plantão. Os mitos hollywodianos eram como amigos da rua. Habitavam sua casa, desde sempre. | COLEÇÃO DE FILMES | FACEBOOK | TWITTER