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| filme 71 | MARY POPPINS

Como tratar crianças rebeldes?

Em Londres, no início do século XX, os pais de Jane e Michael Banks certamente se fazem essa pergunta. As duas crianças que, como todas as outras, são sapecas, estão deixando a família em apuros. O drama da vez é a falta de babá. Nenhuma se adaptaria, simplesmente, após a antiga ter desistido do trabalho. Os meninos fizeram de tudo pra enlouquecê-la, e ela não agüenta a pressão de tentar domar duas ferinhas. No dia seguinte, já cientes da situação desesperante, o Sr. e a Sra. Banks fazem um anúncio no jornal procurando outra empregada. Ao mesmo tempo, os filhos escrevem um anúncio de como seria a babá ideal para eles. A cartinha é queimada, mas, misteriosamente, os pedaços chegam até as mãos de Mary Poppins (Julie Andrews), acima das nuvens. Outras candidatas até aparecem, mas sublimam antes de serem entrevistadas. A nossa heroína chega então da maneira menos convencional possível - usando um guarda-chuva como pára-quedas. E a cena clássica do cinema já deixa delineada a personalidade da mais famosa e querida babá de todos os tempos: no mínimo, uma babá super poderosa.

- Olha, Michael!
- Talvez seja uma bruxa.
- Claro que não, bruxas têm vassouras.
- É ela! Nossa babá! Veio em resposta ao nosso anúncio!
- E ela tem aparência caprichada.

Aos poucos, Mary Poppins vai mostrando às crianças como é fácil cumprir ordens e preceitos sem que a vida seja chata. Para isso, usa de mil estratégias, todas embaladas ao som de canções deliciosas. Algumas se tornaram clássicos e remetem rapidamente ao filme, como é o caso de “A Spoonful of sugar”. Nesse momento do filme, a babá mágica ensina aos seus pupilos como é fácil esquecer que as coisas ruins são ruins. “Com um pouco de açúcar qualquer remédio passar a ser bem gostoso de tomar.” Dessa maneira, torna as obrigações do dia-a-dia mais aprazíveis, como arrumar o quarto ou fazer as lições de casa. “Podem notar que o passarinho, quando vai fazer seu ninho, não pode nunca descansar. Mas ele sabe muito bem que se tiver o que cantar, será bem mais fácil trabalhar.” A babá conta com a ajuda ainda de seu amigo Bert, que toca vários instrumentos, dança, desenha, empina pipas e faz tudo o que toda criança adora e, com ela, leva Jane e Michael a lugares inimagináveis em seus melhores sonhos. Sempre otimista, é o coadjuvante da dupla dinâmica do filme.

- Ah, Bert, seus desenhos foram destruídos pela chuva.
- Quem fez esses pode fazer mais. Por enquanto eu vou mudar de ramo, este tempo está bom para outra atividade.

O filme, à parte de todo o sucesso que fez e ainda faz, carrega consigo o brilho de uma estrela que, ainda hoje em dia, fascina em Hollywood. Foi na pele de Mary Poppins que Julie Andrews estreou no cinema e, logo de cara, ganhou um Oscar de melhor atriz, em 1964. A atriz, até então exclusividade dos palcos, mas já de grande sucesso, foi contratada por ninguém menos que Walt Disney, e tornou-se assim figura indissociável dos grandes musicais do cinema. A produção carrega consigo também outras quatro estatuetas (Melhores Efeitos Visuais, Melhor Edição, Melhor Canção Original e Melhor Trilha Sonora substancialmente original), além de ter sido indicada em outras oito (Melhor Direção de Arte – colorido, Melhor Fotografia – colorido, Melhor Figurino – colorido, Melhor Diretor, Melhor Filme, Melhor Som, Melhor Roteiro Adaptado e Melhor Trilha Sonora Adaptada). Venceu também prêmios como o BAFTA, o Globo de Ouro, o Grammy Awards e o Prêmio Eddie. O longa-metragem colorido, de 140 minutos, certamente mereceu toda o rebuliço que causou em sua época e toda a fama que possui ainda hoje.

“As pessoas perfeitas não permitem que os sentimentos mudem sua forma de pensar.” Diz Mary Poppins, tentando parecer insensível ao se despedir de sua missão e partir em seu guarda-chuva.

Mary Poppins é, pra quem ousar entender, “supercalifragilistexpicialidocious”.
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Renata Jamús
É uma apaixonada por cinema. Foi mestre em "discursos do Oscar" na infância. Teve três ou quatro muito bons, que eram constantemente lidos para os pais babões de plantão. Os mitos hollywodianos eram como amigos da rua. Habitavam sua casa, desde sempre. | COLEÇÃO DE FILMES | FACEBOOK | TWITTER