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| filme 33 | CARRUAGENS DE FOGO

O espírito olímpico nunca mais foi o mesmo!

“Agora ficamos só nós dois - o jovem Aubrey Montague e eu próprio - podemos fechar os olhos e lembrar esse punhado de rapazes com esperança nos corações e asas nos pés.”

Eric Liddell e Harold Abrahams são dois jovens rapazes que possuem uma coisa em comum: o amor pelo esporte. Mais especificamente, o amor pela corrida. O primeiro é um missionário da Escócia, que corre por amor a Deus. O segundo é um judeu obsecado pelo sucesso e que chega a contratar um técnico particular para treiná-lo.

Tanto um quanto o outro estão em plena disputa das eliminatórias para integrar a equipe da Grã-Bretanha nos Jogos Olímpicos de Paris em 1924. Em uma das etapas classificatórias a corrida do missionário Liddell é marcada para um dia santo e ele se recusa a competir. Porém, acaba herdando uma vaga, compete e, assim como Abrahams, consegue a classificação para a equipe nacional. A partir daí começa o melhor momento do filme. A história é real.


Carruagens de Fogo ganhou quatro Oscars: Melhor filme, Melhor roteiro original (Colin Welland), Melhor figurino (Milena Canonero) e Melhor trilha sonora (Vangelis). Aliás, a trilha sonora, hoje em dia, é o grande legado do filme. A música tema do filme se tornou o som de todos os corredores do Mundo inteiro. Invariavelmente vemos trocentos vídeos de corrida com o tema criado por Vangelis ao fundo.

A verdade é que a produção se tornou datada. O filme é extremamente técnico e rebuscado, mostra a luta de jovens para conseguir a vitória, numa época em que vencer não significava mais dinheiro de patrocínio. Vencer era apenas a recompensa pessoal pelo esforço. Vencer era conseguir realizar um sonho. Não existia um baú cheio de moedas por trás disso.

“Jennie, Deus me criou para uma finalidade, mas ele também me criou veloz. E, quando corro, sinto o prazer dele.”

As sequências de corrida do filme são sensacionais. Mesmo com toda a evolução tecnoógica Hollywood ainda não conseguiu fazer igual. Porém, nos outros momentos da produção, o movimento lento da câmera torna a expriência um pouco entediante para quem não é muito ligado ao olimpismo e suas vertentes. Por ser muito fiel aos fatos, o filme deixa de lado uma ótima oportunidade para explorar a relação do homem com o esporte antigamente, fazendo algum contra ponto com os dias atuais. É uma narrativa de uma fato real. O aprendizado quem deve tirar somos nós. São os momentos marcantes da vida de um grupo de heróis de carne e osso que encaravam o esporte como razão da própria vida. Destinatário dos seus valores enquanto homens. Um esporte que não existe mais. Ficou perdido no tempo, assim como o filme.


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Renata Jamús
É uma apaixonada por cinema. Foi mestre em "discursos do Oscar" na infância. Teve três ou quatro muito bons, que eram constantemente lidos para os pais babões de plantão. Os mitos hollywodianos eram como amigos da rua. Habitavam sua casa, desde sempre. | COLEÇÃO DE FILMES | FACEBOOK | TWITTER