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| filme 34 | MY FAIR LADY

Você quer viver num musical?

Uma moça pobre, paupérrima, vendedora de flores nas ruas de Londres. Um especialista em sotaques, elegante e cheio de refinamento. Um encontro no início do filme e uma aposta: fazer a moça se tornar uma dama inglesa. Está pronta a história. Eliza Doolittle é a moça, Henry Higgins o especialista. Audrey Hepburn e Rex Harrison interpretam Eliza e Henry.

Os dois são a alma do filme. Um musical que tem as canções na medida certa. Harrison está perfeito no papel do solteirão convicto. O filme ganhou oito Oscars (melhor filme, melhor diretor, melhor ator, melhor direção de arte, melhor fotografia colorida, melhor figurino colorido, melhor trilha sonora e melhor som). Numa época em que os musicais começavam a declinar nas produções americanas, My Fair Lady foi arrebatador. Julie Andrews foi cotada para viver a personagem principal. Seria fantástico, mas é impossível imaginar este filme se a presença de Audrey Hepburn.



A transformação paulatina dos dois personagens principais – Eliza vai ficando mais refinada e Henry vai se tornando mais sensível – é recheada de bom humor e cenas hilariantes, como as aulas de pronúncia que Eliza recebe. O filme é um romance e, por incrível que possa parecer, não existe um cena sequer de beijo. Hollywood realmente era diferente. Quer ver? Na hora de conquistar a confiança da sua pupila, Henry oferece pequenos pedaços de chocolate para ela. Existe algo mais romântico do que isso?

O American Film Institute fez uma lista do 25 maiores musicais de todos os tempos. My Fair Lady foi considerado o oitavo maior de todos. Gosto é gosto. Eu, particularmente, considero uma dos cinco mais. Até porque Audrey Hepburn é soberana! Uma das maiores da história do cinema, um mulher que mudou a estética das atrizes de cinema. O par romântico com Rex Harrison deu muita liga.

“ Me acostumei ao rosto dela. Ela faz o dia começar. Me acostumei à canção que ela assobia noite e dia! Seus sorrisos, suas carrancas, seus altos, seus baixos são quase um hábito para mim. Como inspirar e expirar. Eu era sereno e independente antes de nos conhecermos. Claro que poderia viver sempre assim. E ainda assim me acostumei ao seu jeito. Me acostumei à sua voz. Me acostumei ao seu rosto"


Eu adoro musicais. Muito provavelmente porque lá no fundo ainda tenho uma visão romântica da vida. Admiro quem consegue manter as convicções e viver permanentemente num musical. Não é o meu caso. Com algumas “trauletadas” nas costas, chego a ter vergonha de assumir esse lado. Imagina como deve ser bom viver num Mundo em que o seu amor quer te conquistar oferecendo chocolates variados, e, pasmem, você aceita de bom grado, como se isso fosse suficiente para curar todas as mágoas. É uma vida mais leve, onde ser feliz depende apenas da sua própria boa vontade. Hollywood já soube cantar o amor com mais leveza. Eu também.
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Renata Jamús
É uma apaixonada por cinema. Foi mestre em "discursos do Oscar" na infância. Teve três ou quatro muito bons, que eram constantemente lidos para os pais babões de plantão. Os mitos hollywodianos eram como amigos da rua. Habitavam sua casa, desde sempre. | COLEÇÃO DE FILMES | FACEBOOK | TWITTER