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| filme 36 | O SOM DO CORAÇÃO

Viver com a música faz bem!

 “ Onde eu cresci...Eles tentaram me impedir de ouvir música. Mas quando eu estou sozinho ela cresce dentro de mim. E eu acho que se pudesse aprender a tocá-la eles poderiam me ouvir. Eles saberiam que eu era deles e me encontrariam.”

O Som do Coração é um filme sobre amor pela música! Óbvio que tem uma história muito da inverossímel por trás, mas, definitivamente, o grande tema é o amor de pessoas pela melodia, pelo som que vem da música. A música aqui tem a ver com sonoridade mesmo, com sentir a melodia que está presente em nossa vida. Nas esquinas, no trabalho, dentro de casa.

A historinha é “estilo sessão da tarde”. Um garoto de 11 anos, que vive em um orfanato e por uma dessas obras da genética é um gênio musical. O menino tem um ouvido divino. Percebe sons talvez imperceptíveis para uma pessoa que tenha ouvidos normais. Acontece que ele tem absoluta certeza que irá conseguir achar os pais através do som que pode criar. Junto com a história do garoto, uma outra narrativa acontece: um casal que se conhece numa noite e nunca mais consegue ficar junto. Ambos músicos.

- A Filarmônica de Nova Iorque. Acabei de receber o convite. Eles querem que você volte. É só uma noite, mas eles querem que você volte.
- Eu não quero estar lá.
- Lyla. Quando vai deixar você ser feliz novamente?
- Eu sou feliz.
- Estou falando sobre quando cada um vai para casa. Olhe...Eu sei. Ok? Eu sei. Apenas pense sobre isso. Digo, você é uma professora de música que não toca mais música.

A segunda parte do filme (no “plot point”, ponto da virada no roteiro, que eu citei num outro dia) começa com a ida do menino para a cidade – ele foge do orfanato. Quando lá chega, surge aquele encantamento, o som da cidade é, para ele, uma sinfonia. Ele rege a imaginária sinfonia urbana no centro de uma praça. Quando perde o papel com o telefone da única pessoa que realmente se importou com ele, o som que ouve passa a ser ameaçador. De repente, se acalma e volta a ouvir a música. Essa é uma das melhores partes da produção.

Ouço música o dia todo. Tenho um ouvido péssimo. Péssimo mesmo! Não toco nenhum instrumento. Minha especialidade é batucada na mesa. Mas, é certo que quando estou assustada ouço um som mais tenso, uma música mais perturbada mesmo. Nos momentos de paz o som que vem pra mim é bonito e sempre faz algum sentido.

- Como faz isso? Como é que a música vem para você?
- Eu apenas a ouço. Às vezes eu acordo e ela está lá ou a ouço quando caminho pela rua. É como se alguém estivesse me chamando. Escrever tudo é como se eu estivesse os chamando de volta.
- Quem?
- Aqueles que me deram a música.

Obviamente que estamos falando de um filme “estilo sessão da tarde”, como eu já disse. Então não faz falta que maiores divagações sobre o final sejam feitas. Basta dizer que a música deve estar sempre presente. Através dela conseguimos nos inspirar e inspirar os outros. Muitas vezes conseguimos dizer coisas que não temos capacidade para formular em nossa cabeça. As vezes sua carta de amor já está pronta, ou um pedido desculpas, talvez, quem sabe, a chave para sua felicidade já está tocando por aí. Temos que achar o som da nossa vida. 
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Renata Jamús
É uma apaixonada por cinema. Foi mestre em "discursos do Oscar" na infância. Teve três ou quatro muito bons, que eram constantemente lidos para os pais babões de plantão. Os mitos hollywodianos eram como amigos da rua. Habitavam sua casa, desde sempre. | COLEÇÃO DE FILMES | FACEBOOK | TWITTER