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| filme 55 | JERRY MAGUIRE - A GRANDE VIRADA


Toda redenção é bem-vinda!

“Não conseguia fugir de um pensamento muito simples. Eu me odiava. Não, era mais que isso. Detestava o meu lugar no mundo. Tinha tanto a dizer e ninguém que me ouvisse.”

Jerry Maguire é um bem-sucedido agente de atletas. Acontece que num belo dia, ele resolve escrever um manifesto sugerindo que a agência onde trabalha reduza o número de clientes para conseguir dedicar mais tempo a um grupo mais seleto. Espantado com a atitude do seu funcionário – “como assim reduzir clientes no país do ‘quanto mais lucro melhor’”? – o chefe de Maguire o demite. Obrigado a resconstruir a carreira, ele vai contar apenas com o apoio da contadora da agência, Dorothy Boyd, que resolve acompanhá-lo, e um único atlteta sob contrato, o ambicioso jogador de futebol americano Rod Tidwell.

Evidente que a vida do Jerry se torna uma loucura. De um dos agentes mais promissores dos Estados Unidos, ele se torna o agente de um cliente só. E que cliente! Rod Tidwell (personagem que deu um Oscar ao Cuba Godding Jr.) é um jogador “marrento” que só se interessa por dinheiro. Faz tempo que ele esqueceu o prazer do jogo. E é extamente na relação entre a ambição de Rod e a redenção de Jerry que o filme centra suas forças.

- Restam-me dez anos, no máximo. O próximo contrato tem de ser grande. Posso deixar de jogar dentro de 5 anos. E a minha família vive de quê?
- Não quero ouvir essas merdas. "Perdi o Cush e a Avery..." Uma bebida, por favor.
- Outra pessoa já teria lhe deixado, mas eu fico com você. Vou lhe encher a paciência
até que me mostre o dinheiro. Estamos juntos nessa. Ouviu? Vamos ser só um. Os dois...entende?
- Ajude-me Deus!

Um dos grandes méritos do filme é o de mostrar como a industria do esporte não guarda mais nenhum amor ao jogo. O dinheiro dita as regras e os amores por esse ou aquele time. Os atletas são movidos pelos contratos que assinam, e ter sucesso não é ser querido ou vencedor, e sim ganhar o salário mais alto. A grande obra de Jerry, ao longo do filme, é ir mostrando ao seu único cliente que ele deveria tentar recuperar a alma do jovem que começou no futebol americano. Que talvez sua carreira não esteja no ápice porque ele esqueceu de jogar por amor ao esporte, e passou a jogar por amor ao dinheiro.

A onda do filme é toda otimista. E Jerry, que era um sujeito fechado para o amor, também encontra seu pedaço de paraíso na terra. O pedaço atende pelo nome de Dorothy Boyd (Renee Zellweger, no seu primeiro papel de destaque em Hollywood). A contadora que foi fiel a ele na saída da empresa se torna, também, um amor. Dorothy é mãe solteira e a relação dela, do filho e de Jerry percorre caminhos super reais. A gente torce, verdadeiramente, para que o casal encontre soluções para os muitos obstáculos que a vida impôs.

- Olá. Vim a procura da minha mulher.
- Espera...
- Se é aqui que tem de ser, então é aqui que vai ser. Não vou deixar que se livre de mim. O que achou? Esta era a minha especialidade. Antes era bom na sala-de-estar. E agora, só... Esta noite a nossa pequena empresa teve uma grande noite. Uma grande noite mesmo. Mas não foi completa. Nem sequer esteve perto de ser completa. Porque não pude compartilhar com você. Não pude ouvir a sua voz. Não pude rir com você. Senti a falta de... da minha esposa. Vivemos num mundo cínico. Trabalhamos num negócio onde a concorrência é dura. Eu te amo. Você...me completa. E eu...
- Calado! Você já me convenceu ao dizer "Olá".

Depois de assistir o filme, não tem jeito: você realmente sai mais leve. Jerry joga tudo pro alto com 35 anos de idade. Se redime de todas as coisas que fez de errado. Abdica de uma vida de onstentação simplesmente porque não estava feliz. E o que é mais legal: a recompensa não vem em forma de milhões e milhões. Não é desta redenção que estamos falando. A recompensa vem através de um inigualável e imutável sentimento de paz consigo mesmo. Não estamos falando de um final feliz, mas de um final real, possível. Quando a gente toma coragem e decide que simplesmente quer ser feliz, a estrada fica perfeita para viajar.
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Renata Jamús
É uma apaixonada por cinema. Foi mestre em "discursos do Oscar" na infância. Teve três ou quatro muito bons, que eram constantemente lidos para os pais babões de plantão. Os mitos hollywodianos eram como amigos da rua. Habitavam sua casa, desde sempre. | COLEÇÃO DE FILMES | FACEBOOK | TWITTER