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| filme 78 | HARRY POTTER E O PRISIONEIRO DE AZKABAN

Nem todos são o que parecem ser.

A vida de Harry e seus amigos, na escola de Magia e Bruxaria de Hogwarts, é sempre recheada de tensões, conflitos, guerras e perigos. Mas isso é, contraditoriamente, o que os prende de forma tão estreita ao lugar. Para Harry em especial, este não é o único motivo de tristeza quando se aproximam as férias de verão. O garoto, além de despedir-se da escola e dos amigos por longos dois meses, tem que reencontrar e enfrentar a família que não gosta dele (e vice-versa). Os tios e o primo – cada vez maior, mais gordo, mais forte e mais violento – não são o que se espera de familiares. Harry, apesar de ter conquistado pequenas regalias, continua subjugado e detido em um espaço onde é trancafiado.

O novo ano promete ser de muitas emoções. Nos noticiários bruxos, só se fala de um tal Sirius Black, um suposto assassino violentíssimo que teria fugido da prisão de Azkaban, considerada, até então, impossível de burlar. Isso porque o lugar, situado em uma pequena ilha rochosa, tem como seguranças os tão temidos dementadores – seres que um dia foram humanos e, por terem tido suas almas engolidas por outros dementadores, se tornaram um deles. São criaturas frias e capazes de deixar o ambiente por onde passam gélido e desesperadamente triste. Mexem com o emocional de quem chega perto, assustam, paralisam e, sobretudo, ameaçam a integridade da alma. Sirius Black se torna então o bruxo mais procurado do mundo. Sob intervenção do Ministério da Magia, a escola fica guardada por dementadores, para evitar a entrada do prisioneiro. Isso muito desagrada à direção, que nada pode fazer. Os alunos sofrem com a presença macabra daqueles seres, que, no fim, se mostram inúteis na tentativa de conter Black.

Mas que segredos esconde esse homem? Por que quer se acercar justamente a Hogwarts? Quem ele quer encontrar? Não é muito difícil supor, sem conhecer a história, que é com Harry Potter que Sirius manterá contato e desenvolverá uma relação. Mas, que tipo de ligação têm os dois? O que Sirius representa na vida de Harry e vice-versa? O desenrolar da história, que responde a essas perguntas, é fascinante, para não dizer surpreendente. Estranhas redes se formam. Vidas e histórias se entrelaçam e, para a compreensão do pequeno bruxo, tudo fica mais claro. Com o apoio de Rony e Hermione, Harry descobrirá muito mais do que espera.

“Harry Potter e o Prisioneiro de Azkaban” é o terceiro filme da franquia. Após dois grandes estrondosos sucessos, recaiu às mãos do mexicano Alfonso Cuarón a direção daquele que não poderia pecar. Dito e feito. O novo filme tratou de revitalizar cenários, personagens, atores, fotografia. Com um novo enfoque, mais adulto, a trama se desenrola ao mesmo tempo em que as imagens nos enchem os olhos. Mais riqueza de detalhes acompanhada de uma ambientação mais “clean”. Talvez por isso, tenha voltado a receber indicações ao Oscar, dessa vez para as categorias: “Melhores Efeitos Especiais” e “Melhor Trilha Sonora”, embora não tenha faturado nenhuma estatueta. Foi também indicado quatro categorias no BAFTA (Melhor filme Britânico, Melhor Maquiagem, Melhores Efeitos Especiais e Melhor Desenho de Produção), onde também não faturou. 

Outra novidade do filme, pouco comemorada, foi a substituição de ator para o papel de Alvo Dumbledore. O velhinho fofo, antes interpretado por Richard Harris, que faleceu, ganhou vida novamente com Michael Gambon – que depois prova ser tão ou mais querido que o primeiro intérprete.  Apesar do grande sucesso de críticas, e, ratificando a falta de prêmios, foi o que menos faturou nas bilheterias, dentre os oito outros filmes. Apesar disso, se mantém entre os maiores faturamentos de todos os tempos do cinema.

Para quem gosta de magia e mistérios, o novo filme é um prato cheio. Além de nos apresentar aos temidos e horripilantes dementadores, a história nos conta como existe a transfiguração de seres humanos em animais, nos mostra o Noitibus Andantes, o ônibus londrino capaz de te deixar (maluco) em qualquer lugar, nos deixa arrepiados ao enfrentar o Sinistro, e nos faz conhecer a charmosa, simpática, e nem tão segura como parece, Hogsmeade. A única vila britânica totalmente habitada por seres mágicos é um charme à parte: tem pubs, lojas, cafés e serviços de deixar qualquer um com vontade de fazer uma visitinha. E não se preocupe, caso você se perca, poderá contar sempre com o fantástico “Mapa do Maroto”.
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Renata Jamús
É uma apaixonada por cinema. Foi mestre em "discursos do Oscar" na infância. Teve três ou quatro muito bons, que eram constantemente lidos para os pais babões de plantão. Os mitos hollywodianos eram como amigos da rua. Habitavam sua casa, desde sempre. | COLEÇÃO DE FILMES | FACEBOOK | TWITTER