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| filme 85 | TOY STORY
"Ao infinito e além!"
Em 1995 a Pixar revolucionou a forma de se fazer animação no Mundo. Não só pela técnica, extremamente apurada, da computação gráfica como também, e muito mais importante, pelo esmero na construção de personagens fascinantes para crianças (e adultos!), e pela forma criativa de desenvolver sequências, diálogos e roteiros caprichados (esse primeiro filme foi, inclusive, indicado ao Oscar de 1996 na categoria Roteiro Original, além de Melhor Trilha Sonora e Melhor Música – “You've got a friend in me”). Podemos dizer que a Pixar resolveu que crianças não devem ser tratadas apenas com belas imagens. Os pequenos merecem histórias caprichadas e coerentes!
Com Toy Story o estúdio, que teve entre seus criadores o mestre Stevie Jobs, iniciou uma caminhada que nos apresentou, de cara, várias características fundamentais de suas produções. A primeira, e muito marcante, é a adoção de uma dupla de protagonistas. No filme, os papéis são destinados ao cowboy Woody (que é xerife por profissão) e ao patrulheiro espacial (!!!) Buzz Lightyear. Os dois queridos são, na verdade, brinquedos do garoto Andy (nota: os humanos, neste primeiro filme, aparecem apenas de relance, talvez porque a Pixar ainda não tinha o domínio completo das expressões humanas. Nos outros filmes da franquia cresce, e muito, a participação de “gente” de “carne e osso” animados).
A história é aparentemente simples mas, como todos os filmes da Pixar, encerra questões muito humanas e profundas como fidelidade, amizade, coragem e espírito de equipe. Woody é o brinquedo preferido do garoto Andy. Nos momentos em que os humanos não estão presentes os brinquedos ganham vida (e quem disse que isso só acontece quando os humanos não estão presentes?) e aprontam inúmeras confusões no quarto do menino. O líder da turma é o cowboy. E que turma! Estão lá ícones da nossa infância como Hasbro, Rex, o T-Rex, Et`s, Sr. Cabeça de Batata e por aí vai! Acontece que Andy está em vias de fazer aniversário e todos os brinquedos temem que novos brinquedos chegem e ocupem o espaço reservado para eles no coração de Andy. Para descobrir quem serão os “novos” rivais, eles montam uma operação de guerra que envolve até um batalhão completo de “soldados de plástico”!
Depois de tanta investigação, eis que surge Buzz. A antipatia e o estranhamento com Woody formam a dupla de sentimentos que faz o início dos conflitos entre os dois tomar forma. Mas, também, é o gancho para que o filme consiga trabalhar outros valores muito nobres, como o entendimento e o espírito de conciliação. É interessante notar que a Pixar não teme fazer com que seus personagens tenham desejos ruins durante o desenrolar das histórias. Toy Story não tem a preocupação de construir heróis perfeitos e que, por isso, ficam distantes da gente. O Woody provoca o Buzz, que devolve ao Woody. São diálogos ácidos. É um pouco de realidade dentro da fantasia. E como o filme aponta saídas lindas e fofas, a gente realmente acha possível melhorar no mundo real.
Buzz sempre repete: "Ao infinito e além!". Nunca um bordão representou tanto um filme. Toy Story vingou! A franquia, que teve mais dois filmes (sendo o último algo perto do inesquecível), arrecadou mais de 2 bilhões de dólares apenas com bilheterias. Os produtos que vieram junto com o filme (tais como, mochilas, brinquedos, cadernos etc) também vendem, e muito, até hoje. A legião de fãs só faz aumentar. Parece que o episódio três encerrou, em definitivo a série. Isso não quer dizer que você não deva apresentá-la ao seu pequeno que ainda está por nascer. Não prive uma criança (nem um adulto) do prazer de conhecer e desfrutar de uma das mais lindas trilogias da história do cinema! E como diria o eterno Woody: “Bala-No-Alvo, sebo nas canelas! Tem uma cobra na minha bota!”.