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| filme 89 | UM DIA

Quando o amor resiste até a uma auto-sabotagem!





Livros que amamos e são adaptados para o cinema resultam em filmes que geralmente nos decepcionam. Essa máxima é realmente dificil de reverter porque, de fato, um livro bom possui a calma necessária que uma boa história precisa para ser contada. A linguagem cinematográfica exige que algumas nuances extremamente interessantes saiam de cena, em nome do bom ritmo e da montagem enxuta (para que o filme não passe daqueles 90/120 minutos que são padrão nas salas de cinema – muito por culpa dos próprios cinéfilos, que não tem paciência para filmes muito longos – o mercado molda tudo).

Assim sendo, Um Dia, adaptação para o cinema do best seller mundial de David Nicholls, consegue emocionar até mesmo quem amou o livro. Não é o que poderia ser, mas é muito bom. Confesso que necessitava ver a personificação de um casal sensacional nas telas: Dexter e Emma. Além disso, para a Emma, escolherem a incrível Anne Hathaway (que me convenceu no sotaque inglês). A aposta para Dexter foi no desconhecido Jim Strugess, e foi um acerto. Ele personifica o rapaz debochado, senhor de si, que se envolve com mulheres, drogas, leva uma vida fútil, para encontrar a maturidade depois.



O filme é totalmente fiel ao livro. Totalmente. Apenas omitiu algumas muitas cenas. Nada que deixasse a história com um buraco, mas bem que poderia ser um pouco menos ligeiro. Para quem não sabe: Dexter e Emma se conhecem no último dia de aula na faculdade. Passam a noite juntos. Se beijam, mas não fazem sexo. É um dia 15 de Julho de 1988. A partir daí, o filme (assim como o livro), motra os 20 dias 15 de Julho subsequentes nas vidas de ambos. Sempre, mesmo que afastados, algo acontece na relação dos dois. Emma é o oposto de Dexter. E nunca a história de que opostos se atraem foi tão verdadeira. Acontece que eles não concretizam a história de amor de uma vez.

O sentimento que move os dois é, de fato, amor! Mas não é, durante todos os anos, o amor romântico que estamos acostumados quando falamos num casal. Ele possui variações e, talvez, sejam elas que fazem os dois não viverem juntos, como casal, a maior parte do tempo.  Tanto o livro, quanto o filme, mostram que essa ideia de juntos e felizes para sempre é de fato uma utopia. As oscilações são comuns em qualquer ser humano. O filme, na verdade, fala sobre como manter um sentimento por alguém durante tantos anos, mesmo que ele não seja correspondido. E fala também como, as vezes, não vemos que aquela pessoa (“a pessoa”), que pode nos fazer feliz, fica, anos e anos, jogada num canto e só depois conseguimos enxergar.

Vi o filme com uma grande amiga, que me mandou um visão bem interessante sobre como enxergou tudo. Ela também leu o livro:

Após ler o livro tive uma visão totalmente melancolica...e agora que vi o filme tive outra visão. O filme me passou o seguinte: o grande amor da sua vida.. a tampa da sua panela, pode estar do seu lado e vc nao vê. Como foi com o Dex, ele demorou a perceber que a Em era mais que uma amiga. E quando viveu tudo q tinha pra viver, já cansado e velho, percebeu que o seu grande amor estava ali o tempo todo. E ai fico pensando, se ele tivesse ficado com ela lá em 1988 poderia ter sido muito mais feliz na vida. Então o negócio é o seguinte: vamos parar de reclamar e cuidar de amar os nossos grandes amores até quando for a hora. E aqueles que receberem como saldo de um grande amor, uma grande amizade devem cuidar muito bem dela, porque se o resultado é esse então existe merecimento”.

A transcrição, além de homenagem, tem a ver com o fato de que concordo com tudo. Nem eu mesma analisaria tão bem a mensagem que podemos tirar como aprendizado (parece forçado querer aprender com livros e filmes, mas a gente aprende, hein). Gostei muito do livro, tanto que queria ter um filme que fosse fiel em tudo, e que durasse mais de três horas. Uma história de amor, que dura anos e anos, que sobrevive, mesmo que uma das partes sabote a relação, merecia um épico de 5 horas! Mas, já que não temos, recomendo o livro e depois o filme! Garanto que Em e Dex, Dex e Em, mudarão seu modelo de Casal 20. 
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Renata Jamús
É uma apaixonada por cinema. Foi mestre em "discursos do Oscar" na infância. Teve três ou quatro muito bons, que eram constantemente lidos para os pais babões de plantão. Os mitos hollywodianos eram como amigos da rua. Habitavam sua casa, desde sempre. | COLEÇÃO DE FILMES | FACEBOOK | TWITTER